Mar
A ver o mar
Todos os dias vamos ver o mar
De manhã, bem cedo, antes do sol nascer
Gostamos de beber o ar do mar
É salgado, fresco, puro, azul
Enquanto caminhamos vamos contando os barcos
Que andam na pesca, junto à costa
Enquanto está escuro vêem-se, todos iluminados
Quando desligam as luzes são mais difíceis de se verem
Escondem-se entre as ondas: são do tamanho das cascas das nozes
Ao longe, na linha do horizonte, vêem-se uns maiores
Apesar da distância, nota-se que são gigantes
Ou são cargueiros, ou paquetes
Temos encontro marcado com dois coelhos, ou coelhas, ou um casal, não sabemos
Alimentam-se junto ao canavial, para poderem, mais facilmente, esconder-se
Não vá a águia, que também tem encontro marcado connosco, querer apanhá-los
Ela posiciona-se sobre o candeeiro da iluminação pública, por cima da lâmpada
Fica ali, uns bons minutos, a observar tudo à volta, na esperança de um bom pequeno-almoço
À espera que, naquele lusco-fusco, um rato, uma cobra, um coelho, saía da sua toca
Vai mudando de candeeiro, observando tudo à sua volta, até desaparecer em direção ao pinhal
Um dia ou outro não aparecem, nem dão justificação
O que faz com que fiquemos preocupados com a sua situação
Amanhã, vamos ver se voltarão.
José Silva costa