Distanciamento!
Vidas!
Translúcido pôr-do-sol no interior de um mar ofegante
Num rasgo, num sopro, num último esforço tudo toma forma espacial
Com flamínia a soprar o fogo verde da origem
De asas no centro do vento
A sina inscrita nas linhas da minha mão
Na curvatura fértil do colo materno da terra onde
No frenesim das horas que engolem os dias
Desvendamos e rasgamos salgadas estradas invisíveis
No vazio imperfeito das suas rotações
Sondamos os astros
Não ouvimos o rio na margem da corrente
Onde gizamos as linhas do destino do sono
Quando o luar trespassa a nudez dos ossos
Sem vermos de onde sopra o vento azul
As palavras são as veias dos sentidos
Onde arderás na combustão dos tempos
Enquanto nós nos túneis sem saída nos atropelamos
Por todo o lado
Com os corpos sustemos os desmoronamentos das cidades
Nas palavras incendidas
No deserto mar
No fundo dos remorsos
Para afugentarem o travo do tráfico droga armas vidas
Jovens mães carregam os filhos com a ajuda do brilho das estrelas
E bebem a aurora nos transportes suburbanos.
José Silva Costa