A sedutora
Lisboa! A Sedutora!
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Lisboa tinha dificuldade em acolher tanta gente, o que fazia com que a habitação fosse um dos maiores problemas dos pobres, tal como hoje
Nas casas grandes, com vários quartos, chegavam a viver três casais, os donos da casa e mais dois casais e filhos, caso já fossem pais, só com uma casa de banho
Outra situação era viver em parte de casa, em que dois casais alugavam uma casa, pareceu-me uma solução de mais difícil convivência
As águas furtadas também eram utilizadas, para dormir, porque só se conseguia estar de pé junto da janela
Como as rendas estavam congeladas, alguns senhorios recusavam-se a receber as rendas, nesses casos os inquilinos podiam abrir uma conta na Caixa Geral de Depósitos, em nome do senhorio, e depositar todos os meses o valor da renda, até ao dia 8, o que fazia com que o senhorio não pudesse pôr fora o inquilino
O dia 8 era sagrado, quem não quisesse ficar sem casa tinha de arranjar o dinheiro, nem que tivesse de recorrer (ao prego) à casa de penhores, onde o objeto penhorado, normalmente, ficava no prego, à espera que a dono ou dona o resgatasse, dentro do prazo, caso contrário o artigo ficava para a casa de penhores
Aquando da anexação, pela União Indina, do Estado Português da Índia, foram organizadas procissões, em Lisboa, para pedirem a intervenção do grande almirante Afonso de Albuquerque
Uma das procissões teve início junto à Igreja de São Mamede, em direção ao Convento do Carmo, escoltada pelas viaturas da Legião Portuguesa, chegada ao destino, a multidão gritou: “ levanta-te grande Almirante, porque a Nação está em perigo”
No comércio era tudo vendido avulso, ainda não se tinha generalizado a utilização do plástico
O leiteiro, que andava de porta em porta, numa das mãos trazia a bilha do leite, na outra as medidas
Nas mercearias, os clientes raramente compravam quilos e litros de feijão, arroz, farinha, azeite
Pediam cem gramas, duzentos gramas, quinhentos gramas,1 decilitro, 3 decilitros, meio litro
Os produtos, exceto o azeite, estavam armazenados em sacos, onde, por vezes, os ratos se passeavam.
Continua