À moda antiga
Como antigamente
Sorrir nas esquinas do medo
Não te poder beijar tão cedo
Quando te conto o segredo!
Abrir os braços e apertar-te com um dedo
Vamos contar as estrelas para afastar o degredo
Amanhã continuamos com este enredo
Namorar à distância, cada um no seu prédio
Com uma rua a separar-nos, como remédio
Só os nossos olhares se podem beijar e abraçar
Estes tempos vão passar
Depois voltaremos a andar agarradinhos
Segredar sozinhos
Sem que nos possam acusar
Das recomendações não respeitar
Vamos, à varanda, continuar a namorar
Como antiguamente, sem nos podermos tocar
As vizinhas, sempre, as espreitar
Para depois irem contar, coscuvilhar
Como se elas não tivessem feito o mesmo!
Tem sido assim ao longo dos séculos
Com mais ou menos liberdade
Com mais ou menos igualdade
Com mais ou menos roupa
Numa ou noutra era mais louca
Porque o amor são borboletas a voar
Que não nos deixam sossegar
Que nos fazem faltar o ar
E, do primeiro beijo, nem falar!
José Silva Costa