77!
77!
Hoje, estou de parabéns, faço 77 anos
Ainda que o cartão de cidadão diga que é no dia 15
Antigamente eram precisas duas testemunhas para se registar uma criança
Tinham um prazo de 30 dias para o fazerem, sem multa
Eramos muito pobres, a minha mãe esteve à morte, sem assistência especializada, perdeu muito sangue, um curandeiro, ainda, lhe receitou uma sangria
Quem não conseguia cumprir o prazo, a alternativa, à multa, era alterar a data de nascimento
A mim foram 10 dias, mas ao meu irmão, a seguir a mim, foi de 17 de Julho para 10 de setembro
Quando registei a minha filha mais velha, ainda, tive de ir acompanhado dos padrinhos dela, para os outros, já não foi preciso
Mais uma capicua
Sete capicuas!
Em 2 séculos
Tantas transformações, avanços científicos e tecnológicos
Poucos períodos da História terão sido tão ricos em acontecimentos e transformações
Primeiro os automóveis, só para alguns, depois para todos
A telefonia sem fios, a televisão, os eletrodomésticos, a viagem à lua, viver no espaço
Os computadores, o faxe, os telemóveis, as redes sociais, a facilidade nas comunicações
O acesso às notícias e a tudo o que se passa ao nosso redor e no mundo
A telefonia sem fios foi a primeira maravilha do meu tempo
Pode ser ouvida em qualquer lugar e em qualquer momento
Mas a imprensa é consistente, é palpável e pode guardar-se
Daí, a eterna magia que os livros têm
Antes das notícias ao segundo, havia jornais matutinos e vespertinos
E, quando os acontecimentos o justificavam, tiragem última hora
Os eletrodomésticos contribuíram para uma grande revolução, fazendo com que reduzisse, em muito, a quantidade de criadas domésticas
Quando fui para Lisboa, em Maio de 1958, havia muitas mulheres que não trabalhavam, nem em casa nem fora, tinha 1,2,3 ou mais criadas, conforme os rendimentos
Mas, o tempo encarregou-se de mudar tudo, e hoje, é o que se sabe, são poucas as que não trabalham fora e dentro de casa
Estou muito grato por já ter assistido a tantas mudanças, uma das mais importantes foi a queda do império, depois de ter sido obrigado a ir para a guerra, em Angola, entre 1969 e 1971.
José Silva Costa