Joana
Algarve, 12/09/2004
Joana, rosa enjeitada
De um para outro lado empurrada
Nem pelo pai, nem pela mãe amada
No seu triste sorriso sufocada.
Flor de alma magoada
Corpo franzino desprezado
Num vai vem esforçado.
O verão incendiou-se
O sol nunca mais brilhou
A verde dúvida mói mais
Que a negra morte.
Foram tão duros os dias
Que te traçaram a sorte.
Joana, escura foi a noite
Em que teus tristes olhos
Vibraram sem crer
No incesto que estavam a ver.
A lua imolou-se no éter
Por antever o que te ia acontecer
Tudo começou a esmorecer
Com o bárbaro anoitecer.
Só as tuas bonecas te choraram
Desfizeram-se em lágrimas
A tua morte as matou
Ninguém mais as embalou.