O Aborto
Albufeira, 15/07/2007
O aborto
Hoje, entrou em vigor a lei do aborto, com a qual, as portuguesas, ao fim de trinta e três anos de democracia, obtiveram o direito de abortarem até às dez semanas de gravidez.
Mas, as madeirenses estão impedidas de o fazerem, na sua ilha, por o Governo Regional, de Alberto João Jardim, dizer que não a cumprirá até que o Tribunal Constitucional não se pronuncie sobre a sua constitucionalidade.
Num país, onde a religião, ainda, condiciona o pensamento de muita gente, esta foi uma vitória arrancada a ferros. Tal como aconteceu com o referendo de Fevereiro passado, o qual permitiu que, a partir de hoje, as mulheres, sem quaisquer condicionamentos, apenas a seu pedido, possam exigir o cumprimento de mais este direito.
Mais um, dos muitos que já conseguiram nestas três dezenas de anos.
Apesar das leis já não descriminarem os sexos, as mulheres terão de continuar a lutar, para que, na prática, a igualdade seja uma realidade.
De férias no Algarve, aproveitei para visitar os meus familiares, no Baixo Alentejo, (concelho de Almodôvar) que, por sua vez, aproveitaram para me pedirem que lhes lesse a correspondência, o que faço com a melhor das boas vontades. Mas que tanto me entristece, por sentir as dificuldades, por que passam as pessoas que não sabem ler.
Arrepia-me , só de pensar no que posso fazer, no aconchego da minha casa, através da Internet, essa maravilha do final do século passado. Enquanto eles têm de se deslocar à Vila, para fazerem as mesmas coisas, com as acrescidas dificuldades de os transportes públicos não funcionarem durante as férias escolares.
Assim, infelizmente, as desigualdades, não só entre sexos, mas entre os vários patamares de desenvolvimento, irão continuar, pelos séculos fora, com até aqui.
Sem qualquer dúvida, o saber é o que melhor nos podem oferecer
José Silva Costa.