Mãe
Três letras doces
Tão doces, tão doces como o amor
Mas, como a minha mãe não há outra igual
Porque é a minha mãe
A quem recorro todos os dias
Nas horas de alegria e de horror.
A minha mãe criou os filhos na dor,
Com o brilho dos olhos, e as mãos cheias de amor.
Sustentou-os com as lágrimas do coração
Na falta de pão beijava-os até adormecerem.
No Inverno, nas noites escuras de frio, fiava o linho
Com os mesmos rubros lábios, com que nutria os filhos,
Humedecia o áspero linho, quando este passava da roca
Para o fuso, transformado em fio.
Na Primavera lançava o sacho à terra,
Era tempo de mondar o trigo, arrancando erva.
O calor do Verão amadurecia o pão,
Colhê-lo exigia esforço até à exaustão:
Durante o dia, a calma, os corpos cozia
Há noite, ao luar, ceifava até o corpo aguentar
Quando as pernas já lhe não obedeciam
Sentava-se num molho de trigo
E dava de mamar ao filho ou à filha.
Aí, minha mãe, quanto sofreste
Para que eu não perecesse, e crescesse?
Aí, minha mãe, por mais que viva não esquecerei
O teu perfume, o baloiçar do teu colo, o gosto do teu leite.
Mãe, nas tuas muitas e dolorosas Primaveras
Quanto desejava que fosses eterna
Para poder, sempre, contar com a tua compreensão
Nas minhas dolorosas horas de aflição.
José Silva Costa