Mosteiro de Arouca
Às
Noviças, e a todos, a quem roubaram a liberdade
Na juventude
Quando o corpo se empertiga
E o desejo o castiga
O pensamento é o seu sustento
Nada o prende, nem o vento.
A liberdade é empolgamento
Que não cabe em nenhum convento
Por muito que o queiram tornar bento
É, sempre, um lugar sem movimento.
Para o amor não existem prisões
Mosteiros, grades, divisões
É a vida afogada, no fogo da clausura
O sonho ceifado no raiar da aurora
O ímpeto maternal subjugado pelas paredes.
Noviças, monjas, abadessas no isolamento
Nem a presença das aias lhes suavizava o sofrimento
É a dimensão do mundo num momento
A roda do tempo presa num fio de vento
A morte antes da dor e do julgamento.