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29
Mai25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

115

Mesmo em lua-de-mel, o Miguel não queria que a questão da cobiça da rica Angola, por parte de outros países, caísse no esquecimento. Por isso, pediu à esposa se o acompanhava nas visitas, que tencionava fazer às povoações ao redor da cidade, para falar com os Sobas, mostrando que era um Governador diferente, não impondo que fossem ao Palácio do Governador, para ouvir as suas opiniões

A Zulmira ficou encantada com a postura do marido, não gostava de pessoas arrogantes, que se julgam superiores, que fazem dos outros os seus capachos, parecia que tinha sido feito, para ela

As visitas aos Sobas fizeram com que o Governador se apercebesse da importância da sua missão, na apresentação e solução dos problemas entre os povos de Angola e os poderes, que representavam o Rei de Portugal

Miguel prometeu a todos, que tudo faria para que a conjugação de esforços fosse benéfica tanto para as populações, como para a Coroa

A turma do Roberto, que cada vez era maior, tinha, no dia que ia para as lavras, o seu maior empenho. Havia uma competição saudável entre todos, era preciso produzir mais e melhor, e isso só se obteria com novos produtos,  melhores e mais sementes, melhores utensílios, irrigação, novas ideias, que todos queriam pôr em prática

Assim, pediram ao Roberto que aumentasse o tempo dedicado à agricultura, porque era nesse trabalho, que muitos se sentiam realizados

Semear, cuidar, ver crescer, apanhar, comer, partilhar, sentir o carinho e admiração de quem via e comia, pela primeira vez, determinado produto, era uma grande recompensa, para a dureza do trabalho no campo

O Roberto colocou esse pedido à discussão e votação, se a maioria estivesse de acordo, até podiam ir todos os dias para o campo, porque como ele dizia: “ a terra é como as palavras, ambas precisam de ser acarinhadas, revolvidas, adubadas, mondadas, semeadas, para se conseguir uma boa colheita”

Alguns votaram contra, a maioria votou a favor, como era uma turma completamente livre, cada um aderia ao que queria, aparecia ou desaparecia

Passaram a ir quase todos os dias para as lavras, mesmo que tivessem de esperar meses, pelos frutos, era muito compensador aparecer em casa com o que tinham conseguido produzir

Em casas, em que tudo faltava, era ainda mais apreciado, tudo o que aparecesse, sem ser esperado.

Continua

 

 

 

 

22
Mai25

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

114

Finalmente chegara o dia do tão esperado casamento, todos estavam contentes por não serem obrigados a irem trabalhar, a não ser os que estavam envolvidos na preparação da cerimónia, por terem oportunidade de entrar no palácio, ou pelo menos no jardim, onde seriam servidas refeições a quem não conseguisse lugar, no palácio

Os noivos estavam mito felizes, por verem que muitos tinham querido participar, na festa do seu casamento

Ambos gostavam do contacto com o povo, para eles era muito importante saberem como vivia, a fim de tentarem melhorar as suas condições de vida

Foi uma cerimónia muito simples, praticamente um almoço convívio, para além dos cumprimentos de felicidades aos noivos

O Roberto e a sua turma, uma turma, que incluía elementos de todas as idades, já não ambicionava só aprender a ler e escrever. Desde que tinha passado a dedicar um dia, por semana, a aulas no campo, que novos e velhos se empenhavam em discutir ideias, para uma melhor agricultura, com mais produção e melhores produtos

Muitos apresentavam ideias, que provocavam grandes discussões entre mais novos e mais velhos, como quase, sempre, acontece, cada um a defender as suas ideias

A cooperativa bem como o Governador estavam muito contentes com a movimentação por uma agricultura diferente, com novos utensílios, mais e melhores sementes, porque isso era a garantia de melhor e mais alimento, o que o era muito bom para quem governava a Província

Uma vez casados, falou à esposa da sua ideia sobre um imposto, para criar uma força, que defendesse Angola dos ataques das outras potências. Mas, a Zulmira disse-lhe que não concordava com impostos, uma vez que as pessoas viviam miseravelmente, com o conseguiam arrancar da terra, dos rios e do mar

Aconselhou-o a falar com os Sobas, que eram eles os representantes do povo, a quem todos obedeciam

O Miguel agradeceu-lhe, dizendo que ia seguir os seus conselhos, tentaria governar de maneira a que todos conseguissem uma vida melhor

Ela ficou contente, por ele ter em consideração os seus conselhos, mostrou-se pronta, para o ajudar na sua difícil missão. Mas, no seu entender, o governo do Reino é que tinha de fornecer os meios necessários, para defender a soberania da Colónia.

Continua

 

15
Mai25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

113

Quando saíram da mata e depararam com leoas e leões a banquetearem-se com uma zebra, todos ficaram arrepiados, mesmo os que já tinham visto refeições semelhantes, o facto de serem apanhados de surpresa, fez com que ficassem muito tristes, esquecendo-se de que a natureza está muito bem organizada e a cadeia alimentar não é exceção

Alguns temeram pela vida, ficaram parados, queriam voltar para dentro da mata, mas o senhor Rocha tranquilizou-os, dizendo que os leões não os atacariam, e se isso acontecesse, bastaria fazerem um pouco de lume, para que eles os deixassem em paz

Serenados os ânimos, procuraram uma picada, (caminho estreito através do mato, dicionário da  Porto Editora ) por onde pudessem regressar a casa, não havia tempo a perder, o sol não esperava, tal como eles, também se sentia cansado, mas enquanto eles tinham uma casa à sua espera, onde poderiam descansar, ele não tinha ordem de descansar, já tinha outros povos à sua espera, para os iluminar 

Foi uma jornada extenuante, mas todos diziam ter valido a pena, porque a natureza é encantadora, e temos muito a aprender com ela, de regresso a casa, tinham muito para contar

O almoço, onde tinham decidido escolher a data do casamento, correu muito bem, mas o pai da noiva disse que era melhor os noivos escolherem a data em que queriam casar

A Zulmira e o Miguel não perderam tempo, ele sugeriu-lhe que marcassem o casamento para o dia dos anos dela, que estava prestes a chegar, concordou e agradeceu-lhe ter-se lembrado do seu aniversário

Foram, juntos, à cooperativa anunciar o data do seu casamento e convidar, todos, para o mesmo, acrescentando que seria uma cerimónia simples, à qual todos teriam acesso, tivessem ou não sido convidados

O Miguel tinha pressa em ter a Zulmira a seu lado, para o ajudar a gizar o plano, que iria transformar a Colónia, como tinha prometido ao Rei

Pensava implementar um imposto, para criar uma autoridade, que ocupasse o território, que impedisse o seu desmembramento por algumas potências, que há muito o cobiçavam

Não sabia como, não havia moeda, era tudo à base te trocas de bens ou serviços. Afinal, no terreno, era tudo muito mais complicado do que imaginara, em Lisboa

Queria muito saber a opinião da Zulmira, mas não a queria ocupar com essas preocupações, antes do casamento

Já tinha sondado o seu antecessor, seu conselheiro, mas a proposta não tinha merecido a sua simpatia.

Continua

     

08
Mai25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

112

Antes de se despedirem, ainda, tiveram tempo para marcar um almoço, no palácio do Governador, para toda a família, a fim de escolherem a data do casamento e como seria a cerimónia, que deveria ser simples, como informou o Miguel, um pedido da noiva

A turma do Roberto estava ansiosa, para que chegasse o dia da nova aula do senhor Rocha, que lhes tinha prometido de que iriam entrar numa mata onde, em certos sítios, não seria possível ver o sol, porque as altas árvores estariam cobertas de lianas, dificultando a penetração na mata, que teria de ser feita com catanas, para abrir trilhos por onde pudessem passar

No dia aprazado, ninguém faltou, todos estavam curiosos em saber o que se iria passar, as expetativas eram muitas, uns esperavam ver elefantes, outros leões, hienas, rinocerontes, zebras, como se os animais, na floresta, estivessem à espera deles

O guia aconselhou que não se assustassem, nem fizessem barulho, caso vissem algum animal, para que ele não se sentisse ameaçado, porque os animais, normalmente, só reagem quando se sentem em perigo

Antes de entrarem na mata, num charco, perto de um rio, viram um grande crocodilo a apanhar banhos de sol, estiveram alguns minutos a contemplá-lo, olhou-os, mexeu-se um pouco, parecendo ter a incumbência de lhes desejar boas-vindas

O guia fez uma pequena palestra, pediu-lhes para seguirem em fila indiana, tentando não fazer barulho, para ver se conseguiam ver algum animal, ainda a dormir ou a descansar, depois de uma noite de procura de alimento

Dois homens, munidos de catanas iam abrindo caminho, o senhor Rocha colocou-se a meio da fila, para que todos ouvissem as suas explicações, o Roberto fechava a fila, para que ninguém ficasse para trás e se perdesse

Passado mais de uma hora, sem que acontecesse algo de extraordinário, a não ser o cansaço e a dificuldade na visibilidade, uma brusca agitação fez as árvores e as lianas estremecerem, era uma enorme cobra a deslocar-se, por cima das cabeças dos intrusos, que entraram na sua casa, sem autorização, acordando-a dos seus belos sonhos

Alguns gritaram, outros agacharam-se, para que ela não lhes tocasse, mesmo que ela estivesse a mais de um metro de altura, acima das suas cabeças. O senhor Rocha pediu-lhes que parassem e não fizessem barulho até ela se distanciar

Recuperados do susto, seguiram à descoberta dos segredos da impenetrável mata

Mas, o tempo escasseava, não podiam ficar presos na mata, tinham de sair o mais depressa possível, o regresso à claridade foi arrepiante.

Continua

 

 

 

   

 

 

01
Mai25

O Império

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O Império   -   As teias que o Império teceu

111

Uma escola com métodos e ensinamentos fora do habitual. Assim, o Roberto propôs, aos seus alunos, irem um dia, por semana, para o campo, com o fim de observarem os animais selvagens, sem colocarem as suas vidas em perigo, saber que frutos e plantas eram comestíveis, acompanhar o desenvolvimento das plantas e das árvores, em suma, estudar a natureza

A notícia correu pela cidade, os alunos perguntaram a pais e avós se poderiam ajudar o professor, um dos avôs, já velhote, disse que o poderia ajudar, porque tinha passado a vida a caçar e pescar

O Roberto, não só aceitou a colaboração do senhor Rocha, o avô do Moisés, como lhe agradeceu por ter aceitado ajudá-los a passearem na natureza, apesar da sua muita idade

Começaram pelos arredores da cidade, porque a missão era arriscada, não podiam pôr em perigo as suas vidas, tinham de avaliar se o guia tinha conhecimentos para lhes mostrar as matas, em segurança

Foi uma aula diferente, em que o guia conseguiu manter os alunos muito atentos, porque a natureza tem muita beleza, mesmo que nem todos a consigam ver, sem uma explicação por quem passou a vida a observá-la

Todos queriam continuar com novas experiências, o guia tinha passado com distinção, Assim, as aulas, na natureza, iam continuar, para que pudessem aproveitar o muito que o senhor Rocha lhes poderia ensinar

O Miguel tinha pressa em casar-se, disse-o à Zulmira, assim que ela aceitou o namoro, dizendo-lhe que gostava muito dela, e depois das suas condições, para aceitar o namoro, ainda a admirava mais, porque mostrou que, para além de ser muito bonita, também era muito inteligente

A Zulmira, também, estava felicíssima e não o escondia, fazendo com que o namorado lhe disse-se que iria imediatamente pedir a sua mão, ao seu pai

Quando o Miguel disse ao Manuel que lhe queria pedir a mão da sua filha Zulmira, não o apanhou de surpresa, já o esperava. Assim, disse-lhe que estava muito honrado por ele querer casar com a Zulmira, pediu-lhe que a respeitasse, que fossem muito felizes, porque isso era o que todos os pais desejam, para todos os filhos

O Miguel respondeu-lhe que podia estar descansado, que a Zulmira era a menina dos seus olhos, a sua princesa, muito inteligente, a escolha certa, para mãe dos seus filhos, a companheira para a vida

Agradeceu-lhe a escolha e aproveitou para lhe revelar o que tinha prometido à sua amada esposa, tudo fazer para que as suas filhas fossem muito felizes, nos últimos minutos da sua vida.

Continua

 

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