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Chegara o dia da partida das naus da carreira da Índia
O dia amanhecera com um sol radioso, no cais havia muito movimento, para além dos que iam embarcar, muitas mulheres despediam-se dos seus ente-queridos: choravam, abraçavam-se e beijavam-se
Entre os passageiros havia muito poucas mulheres, a maioria era homens, que procuravam fazer fortuna, na Índia, ou em qualquer outra colónia portuguesa, onde a aramada aportasse, mas as especiarias é que eram o ouro daqueles tempos
O comandante da armada recebeu a Marina e o Roberto à entrada da nau, indicou-lhes os seus aposentos, estes aproveitaram para o informar, que tinham seguido o conselho dele , sobre uma alimentação alternativa, caso o Afonso enjoasse a comida servida a bordo
Assim, percorreram Lisboa à procura de frutos secos, que ele muito gostava, compraram nozes, pinhões e figos secos
A Marina e o Roberto aproveitaram para ver todo o movimento da partida: os últimos abraços e beijos, as naus a afastarem-se do cais, o vento a empurra-las para o Atlântico
O Afonso estava muito atento, mas sem saber o que estava a acontecer, os pais explicaram-lhe que iam para outro continente, o continente Africano, que está separado por mar do continente Europeu, que não tinham mais nenhum transporte para voltarem para a sua terra, senão os barcos, e como era muito longe, levavam muito tempo
Mas, ele choramingava todos os dias, dizia aos pais, que queria voltar para Coimbra, para junto da Anastácia e do Ezequiel
Os pais bem tentavam distraí-lo, e quando os peixes voadores dançavam à frente da proa do barco, ficava encantado
OS DESCOBRIMENTOS E A COLONIZAÇÃO DA GUINÉ A Guiné-Bissau de hoje fez parte das terras africanas com uma fundamental importância na empresa dos Descobrimentos que Portugal empreendeu, a partir do Século XV, por motivos económicos, científicos, militares, religiosos... Gomes Eanes de Azurara, historiador português do século XV e cronista real a partir de 1450, em substituição de Fernão Lopes, na «Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné» refere cinco razões que teriam levado o Infante D. Henrique na conquista da Guiné: - a primeira razão teve a ver com a vontade de conhecer as terras que iam para além das Canárias e do Cabo Bojador; - a segunda, por razões comerciais na troca de produtos; - a terceira, por dizer-se que o poderio dos “Mouros d`aquela terra d´África era muito maior do que comummente se pensava”; - a quarta, com vista a saber se haveria rei cristão naquelas paragens; - a quinta, a expansão da fé cristã. O primeiro passo da expansão ultramarina teve lugar em 25 de Julho de 1415 com a partida de Lisboa da armada de 200 embarcações para a conquista de Ceuta, tendo chegado, no dia seguinte, a Lagos e, no dia 21 de Agosto, a Ceuta. Mas a armada apenas prosseguiu viagem de Lagos quando, no dia 28 de Julho, foi lida a Bula de Cruzada concedendo absolvição plenária a todos os participantes. As viagens de reconhecimento prosseguiram para o Atlântico Sul - tendo os navegadores chegado às ilhas do Porto Santo e Madeira - e também pela costa ocidental da África. Depois de, em 1434, Gil Eanes ter dobrado o Cabo Bojador, Afonso Baldaia, dois anos mais tarde, atingiu a Ponta Galé, tendo demorado algum tempo no Rio do Ouro. A expedição a Tânger e a morte de El-Rei D. Duarte, fizeram com que as viagens para Sul na costa Ocidental da África ficassem suspensas durante cerca de cinco anos. No prosseguimento das Descobertas, Nuno Tristão chegou ao Cabo Branco em 1441 e, dois anos depois, atingiu Arguim. Em 1444 chegou ao Senegal ao mesmo tempo que Dinis Dias descobria Cabo Verde. Aqueles anos marcam a chegada dos navegadores portugueses às vastas terras onde se integrava aquela que foi a futura Guiné Portuguesa. Em 1446, Estêvão Afonso atingiu o rio Gâmbia, na região dos Mandingas; Álvaro Fernandes terá atingido o rio Casamansa, no limite Norte da actual Guiné-Bissau; João Infante, filho de Nuno Tristão, descobriu o rio Grande, depois denominado rio Geba, na actual Guiné-Bissau; segundo Gomes Eanes de Azurara, em 1446 foram 51 caravelas às terras da Guiné. Em 1454, por Bula do Papa Nicolau V, foram ratificadas as conquistas africanas do cabo Não até às costas da Guiné, inclusive, em favor de D. Afonso V, infante D. Henrique e seus sucessores; D. Afonso V entregou à Ordem de Cristo a administração espiritual e jurisdição de todas as terras conquistadas e por conquistar da Guiné, Núbia, Etiópia, tendo sido confirmados esses direitos pelo Papa Nicolau V . ( da Internet)
Continua.