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26
Set24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

80

A chegada do Afonso veio mostrar aos jovens pais, que criar uma criança exige muito de quem a cria, porque tem de estar disponíveis vinte e quatro horas por dia, durante muitos anos, até que aquele pequeno ser seja capaz de ser independente

Valeu-lhes terem conhecido a Anastácia, que muito os tem ajudado, permitindo que tenham podido voltar às aulas, deixando o filho em boas mãos que, muito carinho tinham para, a todos, dar

Na Universidade de Coimbra, a mais famosa do país, nunca se tinha visto nada parecido:  um casal, com um filho, a estudar. Exemplar, tanto nos estudos,

 como pais, vindo de África, da colónia de Angola

Angariou a amizade de uma residente, na cidade dos estudantes, que muito o ajudava, beneficiava, também, da ajuda de um professor, da jovem mãe, que se apaixonou pela senhora, que o levou para a sua casa e o mimava, como se fossem seus filhos      

Na academia e na cidade não se falava de outra coisa, todos queriam conhecer o casal, que tinha vindo de tão longe

Com o começo das aulas, a Anastácia ficou muito sobrecarregada de trabalho: fazer o comer, tomar conta do Afonso e tratar da casa, faziam-na passar o dia em grandes correrias

Tanto o jovem casal, como o marido da Anastácia estavam preocupados com o esforço dela que, por vezes, ia além do que era razoável, porque queria mostrar que era muito forte e que conseguia fazer tudo

Por isso, pediram-lhe para que descansasse quando eles estivessem em casa, que era muito pouco tempo, tirando o que estavam a dormir, para poder tomar conta do Afonso, durante o muito tempo, que eles passavam na Universidade

Mesmo custando-lhe, compreendeu que era melhor para todos, por que se ficasse doente, alguém teria de ficar em casa, para tomar conta do Afonso e dela

 

Um dez anos depois de mudar a capital para Lourenço Marques, o governo colonial viu-se obrigado a transformar Moçambique de uma colónia para extração de recursos naturais, num território que devia produzir bens para o seu consumo e para exportação para a “metrópole”

Essa foi a motivação principal para o estabelecimento de uma administração efetiva, embora também pesassem as pressões internacionais decorrentes da Conferência de Berlim e das pretensões territoriais dos britânicos e holandeses.  (Wikipédia)

 

Quando o Governador regressou ao palácio e disse às filhas que a Marina tinha tido um menino, estas ficaram, também, muito felizes e queriam saber mais pormenores

O pai disse-lhes que se chamava Afonso, que tinha corrido tudo bem, o Roberto é que tinha dado a notícia, numa carta, que enviara para a mãe

Confessou às filhas que estava alegre e triste: muito alegre por ter um neto, mas triste por ele estar muito longe e temer que morresse antes de ele ir para Luanda

As filhas tentaram animá-lo, dizendo que os anos passam depressa e que em breve todos estariam juntos

A filha mais velha: a Mité,  aproveitou para informá-lo que namorava com o Leopoldo, que Leopoldo? Perguntou o pai, o que trabalha aqui no palácio, respondeu a filha, o pai não se mostrou muito entusiasmado com a notícia, mas acabou por lhe dizer que desejava que fossem muito felizes.

 

Continua

 

 

 

 

 

19
Set24

O Império

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O Império – as teias que o Império teceu

 

79

 

A Anastácia e o Elisiário queriam aproveitar os últimos dias das férias escolares para irem ao cinema, teatro, museus, e isso faria com que dessem menos assistência nos cuidados com o Afonso, mas assim que elas acabassem, a Anastácia dedicar-se-ia de corpo e alma ao Afonso, para que o professor e os alunos voltassem aos seus trabalhos, com toda a tranquilidade, sabendo que o Afonso estava muito bem entregue à mais dedicada madrinha e ama

No regresso às aulas, tanto os colegas da Marina, como os do Roberto queriam saber como era ser mãe e pai, se tinha corrido tudo bem, como estava o bebé e quem tomava conta dele, enquanto eles estavam nas aulas

Eram os primeiros alunos africanos a frequentarem a Universidade: um casal com um filho, coisa nunca vista, e ainda por ciam eram os melhores das suas turmas

Tomar conta do Afonso, fazer a comida e a lida da casa fazia com que a Anastácia andasse muito cansada, mas muito contente e alegre por vê-los todos felizes, porque quanto mais os visse felizes, maior seria a sua

Quando regressavam da Universidade, todos tinham que fazer: Um lavava as fradas, caso a Anastácia não tivesse tido tempo de o fazer, dar-lhe banho, por a mesa, lavar a loiça, tudo feito em equipa, para que tivessem tempo, para comtemplar o Afonso, que tanto pais como padrinhos não se cansavam de mimar

Por muito trabalho que uma criança dê, as suas recompensas são, sempre, muito maiores, cada criança é o maior tesouro, que pudemos desejar

Moçambique

Até finais do século XIX, a presença oficial portuguesa em Moçambique, limitava-se a umas poucas capitanias ao longo da costa

Portugal, bem estabelecido em Goa, de onde vinham diretamente as ordens relativas a Moçambique, contava que os comerciantes, que se iam estabelecendo no interior do território formassem o substrato para uma administração efetiva. O fundamental era o controlo do comércio do ouro, nos séculos XVI e XVII, depois do marfim e dos escravos. A administração colonial não conseguia sequer cobrar os impostos a esse comércio

Em 1686, o Vice-Rei português batizava, em Diu, a “ Companhia dos Mazanes”, formada por ricos comerciantes indianos, à qual eram dados privilégios no comércio entre aquele território e Moçambique. Ao abrigo desta companhia começaram a fixar-se, em Moçambique, dezenas de comerciantes indianos, as suas famílias e empregados. Apesar das boas condições entre os indinos e os governantes coloniais, a situação financeira da colónia não melhorou

Em 1752, em face da decadência da Ilha de Moçambique, o governo do Marquês de Pombal decidiu retirar a colónia africana da dependência do Vice-Rei do Estado da Índia e nomear um governador-Geral, que passou a habitar o Palácio dos Capitães-Gerais, confiscado aos Jesuítas

Só depois da visita do “Emissário Régio”, António Enes, em 1895 e dos acordos com o Transvaal para a edificação da linha férrea, o governo colonial decidiu mudar a capital da ”província” para Lourenço Marques e, com a debandada das companhias majestáticas, organizar uma administração efetiva de Moçambique, tinha a forma de “circunscrições indígenas”, cujos administradores tinham igualmente as funções de juízes. Eram coadjuvados pelos régulos, nas “regedorias” em que as circunscrições se dividiam, que eram membros da aristocracia africana ( portanto, aceites pelas populações) que aceitavam colaborar com o governo colonial; as suas principais funções eram cobrar o “imposto de palhota” e organizar a mão-de-obra para as minas do Rand e para as necessidades da administração.

 

Continua

 

 

 

12
Set24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

78

 

A Anastácia disse que ia fazer um jantar, para comemorar a união, porque a comida também serve para ajudar a consolidar o amor

O Elisiário disse que não sabia cozinhar, mas que dali em diante, sempre que pudesse, a ia ajudar na lida casa, e que muito esperava aprender com ela

Ela agradeceu-lhe, mostrando que estava muito contente, por ter um companheiro, que compreendia quão importante é a colaboração na manutenção da habitação, para que o casal tenha mais tempo livre, para melhor o aproveitarem, fazendo o que lhes dá prazer

Foi um jantar muito animado, a comida tem o condão de animar todas as festas e comemorações, os dois casais brindaram a tudo e mais alguma coisa, nunca aquela casa tinha estado tão cheia de felicidade e alegria, o amor tudo contagia, fazendo com que as  pessoas que se sentem amadas experimente muita felicidade e alegria

A festa prolongou-se pela noite dentro, ninguém queria ser o responsável pelo fim do dia mais longo e mais feliz da Anastácia e do Elisiário, quando o cansaço os venceu, a Marina e o Roberto despediram-se e foram para o quarto, o Elisiário, mesmo não querendo mais afastar-se da Anastácia, ainda balbuciou, que ia andando, mas a Anastácia disse-lhe que não queria ficar sozinha, o que fez com os olhos de ambos brilhassem e as bocas se unissem

No dia seguinte os dois casais continuaram a celebrar, desta vez, o facto do novo membro da “família” ter começado a viver sob o mesmo teto, fazendo com que o Afonso passasse a ter quatro pessoas para o mimarem e ajudarem a crescer

De vez em quando, o Afonso chorava, como acontece com todas as crianças, fazendo com que a mãe ficasse muito nervosa

A Anastácia sossegava-a, dizendo que os bebés precisavam de muitos mimos, muito colo, porque quando estão na barriga da mãe estão muito confortáveis, andam de um lado para o outro, sentem-se protegidos

Depois de nascerem sentem falta dessa segurança, desse calor, de andarem de um lado para o outro, passam muito tempo deitados nos berços, sem o contato e o calor humano

Por isso, é muito importante pegar-lhes, massajá-los, andar com eles de um lado para o outro, dar-lhes muito carinho, tocar-lhes, para que se sintam protegidos, como quando estavam no ventre das mães

A Marina estava encantada com a sabedoria da Anastácia, sobre como cuidar dos bebés, ela que não tinha filhos

Agradeceu-lhe, mais uma vez, o quanto os tinha ajudado, e a sorte que tiveram de tê-la a seu lado, para conseguirem concretizar os seus sonhos e criarem o Afonso

A Anastácia respondeu-lhe que também ela tinha tido muita sorte em conseguir beneficiar da maravilhosa companhia deles, e de ter encontrado outro companheiro, com quem esperava ser muito feliz, tudo graças à sua nova “família”.

 

Continua

 

 

 

 

05
Set24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

77

O Governador não a deixou ir sozinha, acompanhou-a à cooperativa, onde ambos foram recebidos com muita alegria, mas mais alegria houve, quando a Rosinha anunciou que tinha recebido uma carta do Roberto, dizendo que a Marina tinha tido um menino, e que se chama Afonso, por isso estavam muito felizes

Todos foram contagiados pela alegria da avó e do avô, beijaram-se e abraçaram-se, desejando muitas felicidades para os jovens pais e herdeiro, pedindo que o tempo passasse depressa para conhecerem o Afonso e voltarem a ver a Marina e o Roberto

Os avós também fizeram o mesmo pedido, a Rosinha acrescentou que era pena, o   Januário,não estar cá, para participar numa festa tão alegre e bonita

No regresso, enquanto acompanhava a Rosinha a casa, o Governador, que não cabia em si de contentamento, desabafou, dizendo: “ tenho 6 filhas, e foi a mais nova que me deu o primeiro neto, as outras, não compreendo o que querem, continuam a rejeitar os pretendentes, dizem-me que ainda não encontraram os príncipes, que as encantem, deve-lhes ter subido à cabeça o facto de serem filhas do Governador, o que não as torna diferentes das outras

A Marina apaixonou-se pelo seu filho, e como vemos, são um casal muito feliz, e seremos todos muito mais felizes, quando eles regressarem com o nosso Afonso”

Despediu-se da Rosinha, beijando-a e abraçando-a, dizendo que estava muito atrasado, que tinha muitos assuntos para tratar, mas que estava muito feliz, tinha sido um dos dias mais felizes da sua vida, e que, em breve, esperava trazer-lhe mais e boas notícias

A Rosinha agradeceu-lhe por tudo: pelas excelentes notícias e pela companhia, e acrescentou que só queria viver até a Marina e o Roberto regressarem a Luanda, acompanhados do Afonso

O Elisiário, no dia seguinte, não perdeu a oportunidade de ir ver o afilhado e a Anastácia, já não conseguia passar sem os ver todos os dias

Quando a Anastácia lhe abriu a porta, recebeu-o com um sorriso diferente, como que a anunciar que lhe iria dizer que aceitava o seu pedido de casamento

Dirigiram-se para o quarto do Afonso, onde o jovem casal contemplava o fruto do seu amor

Depois de se cumprimentarem e o Elisiário ter observado o afilhado, fez-se um minuto de silêncio, que a Anastácia aproveitou para lhes dizer que, uma vez que a família estava reunida, queria dizer ao Elisiário que, depois de ponderar sobre seu pedido, o aceitava como prova de amor reciproco

Foi um grande momento de alegria e felicidade: beijaram-se, abraçaram-se, todos queriam  que aquela felicidade e alegria se prolongassem para sempre

E, para que tudo ficasse esclarecido, a Anastácia disse ao Elisiário que se podia mudar, lá para casa, assim que quisesse e, se estivesse de acordo, não seriam precisas formalidades

O Elisiário disse que estava completamente de acordo, que no dia seguinte se mudaria lá para casa, e iria trazendo os seus poucos pertences até entregar a chave do quarto ao senhorio

Tirou do bolso do casaco, uma caixinha com um bonito anel, que entregou à Anastácia, esta ficou encantada com o bonito anel, beijaram-se mais uma vez, agradeceu-lhe muito a bonita prenda, pediu-lhe que lho enfiasse no dedo, e que dali em diante seriam mulher e marido.

 

Continua

 

 

 

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