O Império
O Império - As teias que o Império teceu
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A Anastácia estava felicíssima por voltar a ter um companheiro, mesmo que a sociedade a censurasse por a sua decisão ir contra os bons costumes de viúvas e viúvos não voltarem a casar
Como era uma mulher muito à frente do seu tempo, não se preocupava com o que dissessem da sua decisão
Mesmo assim, quis saber a opinião da Marina e do Roberto, que lhe disseram que era uma ótima notícia, que aceitasse, porque o Elisiário parecia ser uma pessoa boa, capaz de a fazer muito feliz, e que eles também ficariam muito contentes, não só pela possibilidade de voltar a ser muito feliz, mas por a deixarem acompanhada, quando tivesse de voltar para Lunda, facto que os atormentava há muito tempo
Até já tinham pensado em convidá-la, para os acompanhar no regresso a África, para que não voltasse a ficar sozinha, depois dos felizes anos, que tinham passado juntos
Ficou muito comovida por terem tão grande coração, agradeceu-lhes muito a boa intenção, mas nunca aceitaria deixar a sua cidade, com aquela idade
Mas não deixou de lhes lembrar o quanto a sua companhia tinha contribuído para a sua felicidade, e que graças a eles, conheceu o Elisiário, com quem espera passar o resto da vida, num apaixonado e romântico namoro
Estavam todos tão eufóricos e felizes, que os jovens pais pediram-lhe, para fazer feliz, quanto antes, o Elisiário, perguntando-lhe se não o tinha já feito sofrer o suficiente
Respondeu-lhes que não, porque assim, ficaria muito mais contente do que teria ficado, se ela, imediatamente, tivesse aceitado, o pedido dele em casamento, acrescentando que assim que o voltasse a ver, dar-lhe-ia a notícia, que ele tanto queria, para o, também, fazer muito feliz
Finalmente, a Luanda, chegara a carta do Roberto, com a notícia do nascimento do Afonso. O Governador deu uma vista de olhos pelo correio, que tinha acabado de chegar, não viu nenhuma carta da filha, facto que o deixou muito triste, por não saber a razão, por que se soubesse que tinha sido por lhe ter acabado de dar um neto, teria ficado muito contente
Agarrou na carta do Roberto para a Rosinha, e dirigiu-se, a correr, para a casa dela. Esta, ao vê-lo chegar esbaforido, temeu que lhe trouxesse más notícias. Mas, ele sossegou-a
de imediato, dizendo que não tinha recebido nenhumas notícias. No entanto trazia-lhe uma carta, que tinha acabado de chegar, do Roberto, para ela
A Rosinha abriu-a e pediu-lhe que lha lesse. Começava por dizer que estava tudo bem e que o Afonso tinha acabado de nascer
Afonso! Exclamou ela. “Sim, Afonso o nome do primeiro Rei de Portugal,” respondeu o Governador
Ambos ficaram muito felizes por terem um neto com um bonito nome, abraçaram-se e beijaram-se, estavam floridos de felicidade, mas passado algum tempo veio o vazio de o não terem visto, nem saberem se algum dia o viriam
Tudo por causa da triste sina da emigração, de não vivermos onde nascemos, por termos de procurar melhores condições de vida, para fugirmos à fome, às guerras, ao ódio, à intolerância, às eternas divisões entre as muitas religiões, neste caso, os jovens angolanos tiveream de imigrar, para puderem estudar.
Agradeceu muito ao compadre, as maravilhosas notícias, que lhe trouxera, mas tinha de ir dar a notícia à restante família, passar, também, pela cooperativa, para que todos soubessem que a Marina e o Roberto tinham um filho, chamado Afonso.
Continua