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27
Jun24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

66

A feitoria de São João Batista de Ajudá, no Benim

Os primeiros viajantes europeus a alcançarem Benim foram os exploradores portugueses em cerca de 1485. A forte relação mercantil foi desenvolvida, com o comércio entre os produtos tropicais de Edo como o marfim, pimenta e óleo de dendê e os bens europeus de Portugal, como o cânhamo-de-manila e armas. No início do século XVI , o Oba enviou um embaixador a Lisboa, e o rei de Portugal enviou cristãos missionários à cidade do Benim. Alguns moradores da cidade do Benim ainda falariam um português pidgin no final do século XIX.

Aos primeiros minutos do dia 1 de agosto de 1961 a bandeira das quinas foi arriada

Em 1965, o mítico guerrilheiro Che Guevara visitou a histórica fortaleza de Ajudá e o Templo das Serpentes (pitons)

Depois da independência do Brasil, em 1822, 1961 foi o ano do início do fim do Império

 

Em Coimbra, tanto a Marina como o Roberto iam de vento-em-popa, nos estudos, mas à Marina as exigências eram muito maiores, devido às dificuldades do curso e ao seu estado de gravidez

Roberto tinha receio que a Marina perdesse o bebé, chegando a sugeri-lhe que voltassem para Luanda, ou continuassem em Coimbra, mas desistisse do curso. Mas, ela recusou ambas as soluções

Estava determinada a continuar os estudos, pronta par todos os sacrifícios, sem colocar em perigo a vida do bebé

Os professores, vendo a sua grande determinação e a sua inteligência, já lhe tinham prometido ajudá-la no que pudessem, uma vez que queria ser mãe e licenciar-se, para voltar para a sua terra e ajudar os povos de Angola, com o seu saber

Foi já em janeiro do ano seguinte ao da sua chegada à Metrópole, que a Marina recebeu a primeira carta do pai, em resposta à que lhe tinha enviado, dando notícias suas e do Roberto, acerca da viagem, da estada deles em Lisboa, da chegada a Coimbra, do início dos seus cursos e da sua gravidez

O pai informava-os da felicidade dele e da Rosinha, por virem a ser avós e pedia-lhes para voltarem para Angola, para que o bebé nascesse em Luanda

A Marina respondeu-lhe que compreendia a pressa deles em terem os filhos e o futuro bebé junto deles. Mas, eles estavam determinados a realizarem os seus cursos, o que faria com que só voltassem a Angola passados cinco ou seis anos

Pedia-lhes para compreenderem a sua escolha, não podiam perder a oportunidade, que tinham tido, de estudarem numa das mais prestigiadas Universidades do mundo, tentando aproveitar ao máximo todos os conhecimentos que lhes transmitiam, para os colocarem ao serviço dos povos de Angola

Quanto ao bem-estar do bebé, podiam estar descansados, porque já tinha uma senhora para tomar conta dele

Uma senhora, que conheceram por acaso, num café, num domingo à tarde, quando queriam uma mesa, para poderem beber um café e descansar um pouco

Como estava tudo ocupado, pediram a uma senhora, que estava sozinha, se a podiam acompanhar, tendo-lhes respondido que ficava muito contente com a sua companhia

Despois das apresentações, de lhes terem dito que eram naturais de Angola, que estavam a estudar na Universidade, ela perguntou-lhes como fariam, quando o bebé nascesse

Responderam-lhe que tinham de arranjar quem tomasse conta dele. Ela, com um sorriso de felicidade disse-lhes que gostaria muito de os ajudar e tomar conta do bebé. Tinha ficado viúva muito cedo, não tinha filhos, gostava muito de crianças, tinha uma casa muito grande, onde vivia sozinha

Há muito que queria encontrar alguém que quisesse viver com ela, sentia-se muito só:  uma rapariga, um casal

Assim, eram os candidatos ideais: uma avó, os filhos e o futuro neto ou neta, seria uma bonita família.

 

Continua

 

20
Jun24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

65

 

A Rosinha não conseguia suportar a falta de notícias do filho. Todos sofriam com a sua grande tristeza, que também contagiava todos os cooperantes

A filha e o genro, vendo tamanho sofrimento, pediram-lhe que fosse, novamente, falar com o Governador

A Rosinha não se sentia à vontade, no palácio do Governador, mas teve, mais uma vez, de enfrentar esse desconforto, porque já nem conseguia dormir, passava as vinte e quatro horas, sempre, a pensar no filho, dizia que tinha um pressentimento ruim

 Encheu-se de coragem e dirigiu-se para o Palácio do Governador. Foi muito bem recebida como da primeira vez, teve de esperar um pouco, porque ele estava ocupado

Quando a viu, os seus olhos brilharam de alegria, correu para ela e contou-lhe a boa novidade, iam ser avós

A Rosinha ficou sem palavras, vendo-a encavacada, abraçou-a, ambos gritaram: “ vamos ser avós”

Começou por lhe dizer que tinha recebido uma carta da filha, trazida por um conhecido, que fazia parte da tripulação da armada, atracada no porto de Lunada, que se dirigia para a Índia

Tinham feito boa viagem, passaram uns bons dias em Lisboa, para o Roberto tentar encontrar familiares do pai, do tio ou da tia. Mas, infelizmente, não tinha conseguido obter  nenhuma informação

Quando já estavam em Coimbra, é que a Marina começou a andar enjoada, passados uns dias estava confirmado: estava grávida

Na carta, também dizia que já estavam a estudar na Universidade, ela a estudar para médica e ele para advogado

A Rosinha disse-lhe que estava tão feliz por eles estarem bem e também por vir a ser avó, mas custava-lhe tanto que estivessem tão longe

Ele disse-lhe que, assim que tivesse quem lhe levasse uma carta, iria pedir-lhes para voltarem para Luanda, queria ver o neto ou a neta a crescer junto dele, no Palácio, ao que ela respondeu: “ faça isso, não quero morrer sem voltar a vê-los”

Não a deixou abandonar o palácio, sem lhe oferecer um chá, chamou uma das criadas,  pediu-lhe para fazer chá, para ele e para a sua comadre, enquanto lanchavam, cada um revelou a sua preferência, sobre o sexo do futuro bebé, como era de esperar, ele preferia que fosse um menino, ela uma menina    

Despediram-se, e ele prometeu mandar informá-la, sempre que tivesse notícias, ela agradeceu-lhe pelas boas notícias e pelo lanche, desejando que em breve se voltassem a ver

Quando a Rosinha chegou a casa, todos perceberam que estava diferente, a tristeza, que enrugava o seu rosto, tinha dado ludar à alegria, estava radiante, florida de felicidade

Todos a rodearam, estavam ansiosos para saberem as novidades, começou por dizer que o Roberto e a Marina estavam bem, o seu compadre tinha acabado de receber uma carta da filha, já estavam em Coimbra, a estudar na Universidade, ela estava a estudar para médica e ele para advogado

Guardou para o fim a notícia mais importante, para que todos continuassem, por muito tempo a saboreá-la

Fez uma pausa, olhou para todos e disse que a Marina estava grávida, que estava muito feliz por vir a ser avó

Quiseram saber mais, mas ela acalmou-os, dizendo que não sabia mais pormenores, a não ser que a Marina tinha tido enjoos

A Milene ficou radiante, porque ia ter um primo ou mais uma prima e também por ver toda a família contente, incluindo a avó, que desde a morte do avô andava, sempre, tão triste.

Continua

 

13
Jun24

O Império

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 O Império  -  As teias que o Império teceu

 

64

Em Luanda, a Rosinha e a restante família estavam muito preocupados por não terem notícias do Roberto e da Marina, que já tinha conquistado aquela família, pela sua simplicidade, por se preocupar com os problemas daquela comunidade e pelo amor que todos sentiam que tinha pelo Roberto

Em Coimbra, a Marina inscreveu-se na Faculdade de Medicina e o Roberto na de Direito

Apesar da gravidez, queria a todo custo Licenciar-se em Medicina, e logo nos primeiros tempos, mostrou que era uma ótima aluna

 

( A troca das Infantas, para evitar guerras)

 

Conflitos entre Portugal e Espanha, por causa da fundação pelos portugueses de Montevidéu, no Rio da Prata, a 22 de novembro de 1723

Era uma zona que os portugueses consideravam ser o limite meridional natural do Brasil, enquanto os espanhóis de Buenos Aires queriam controlar todo o estuário do Rio da Prata

Os portugueses tinham desde 1680 a Colónia do Sacramento na região, que fora ocupada pelos espanhóis durante a Guerra da Sucessão Espanhola

Para evitar novas controvérsias e fortalecer ainda mais a aliança que se pretendia, a diplomacia espanhola propôs um duplo matrimónio: para além do casamento entre o príncipe herdeiro espanhol e Maria Bárbara, o príncipe herdeiro português poderia casar com a regressada Mariana Vitória

A infanta Mariana Vitória fora originalmente prometida a Luís XV de França ( a jovem infanta Espanhola fora rejeitada quatro anos depois, quando tinha sete anos, tendo voltado a Madrid )

  1. João V aceitou a proposta, e dois anos mais tarde, tendo os príncipes e as infantas chegado a idade um pouco mais crescida, firmaram-se então os acordos pré-nupciais: o duplo casamento da Infanta espanhola Mariana Vitória de Espanha ao herdeiro do trono português, José, Príncipe do Brasil e de seu meio-irmão mais velho Fernando, Príncipe das Astúrias à irmã de José, a infanta Maria Bárbara de Portugal, em Janeiro de 1729

Foi um complexo arranjo diplomático e protocolar, os dois conjuntos de príncipes e princesas foram escoltados até a fronteira Espanha-Portugal pelas duas cortes reais ibéricas

Por fim, após demorada preparação, a troca das Princesas realizou-se a 19 de janeiro de 1729. A troca foi feita no Rio Caia

A cerimónia fez-se literalmente a meio do rio, numa grande ponte-palácio de madeira

Houve uma grande preocupação em garantir que o cerimonial fosse perfeitamente simétrico para que ambos os reis, João V de Portugal e Filipe V de Espanha, tivessem  igual precedência

A coroa portuguesa pediu dinheiro aos quatro cantos do Império, incluindo Minas Gerais, para costear tão dispendiosa cerimónia.

Todas as localidades, entre Lisboa e o Rio Caia, por onde o cortejo passou, estavam  engalanadas.  ( da internet)

Continua

 

06
Jun24

O Império

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O Império   -  As teias que o Império teceu

63

A força do amor! A Marina e Roberto, que para além de quererem estudar na Universidade de Coimbra, que consideravam ser a mais prestigiada Universidade da Europa, queriam, também iniciar uma vida a dois

Assim, em dois anos conseguiram habilitações, para ingressarem na Universidade

Por ser filha do Governador, teve oportunidade de embarcar, em Luanda, numa nau, que fazia parte da frota, vinda da Índia, e ali tinha feito escala, para reabastecimento, com o Roberto, seu namorado

Foram quase dois meses de viagem, uma viagem tranquila, só aportaram ao Funchal, na Ilha da Madeira, para voltar a reabastecer a frota

Chegaram a Lisboa, em finais de Julho, em pleno verão, ficara encantados com a cidade, calcorrearam as suas vielas e colinas, como se procurassem os seus antepassados

Continuavam intrigados, sem terem uma explicação, para que um pequeno país tivesse empreendido uma tão grande aventura, como foram os descobrimentos, que levaram os portugueses a todos os Continentes, fazendo com que, à força, tivessem feito muitas conquistas, formando um grane Império

No início de Setembro, dirigiram-se para Coimbra. Aí chegados, entregaram as credencias, que lhes permitiam frequentarem a Universidade

Estavam radiantes, o sonho estava quase a tornar-se em realidade: Estudar na Universidade de Coimbra, uma Licenciatura na famosa e prestigiada Universidade dos estudantes, que melhor carta de recomendação?

Mas, com não há rosas sem espinhos, a Marina começou a andar enjoada, não havia dúvidas, estava gravida

Em Luanda, A Rosinha estava muito preocupada, por não saber nada do filho, o desespero era tão grande que, contra a sua vontade, foi perguntar, ao Governador, se já tinha tido alguma notícia deles

Também ele, ainda, não sabia nada deles, acrescentando que as notícias, entre Luanda e Lisboa, eram muito demoradas. Assim, teriam de ter muita paciência, e esperar que dessem notícias

Percebeu que ele não estava tão preocupado como ela, o que não admirava, normalmente, os pais conseguem disfarça melhor o seu sofrimento em relação à ausência dos filhos, do que as mães, que parecem sofrer mais, com essa ausência, do que os pais

A ela, o que lhe valeu foi a neta que, com a morte do avô, a ocupava o tempo inteiro, na ida às lavras, à creche, para onde quer que fosse a avó, lá ia ela, e assim não tinha tempo para pensar na ausência do Roberto  

A Miquelina e o Ezequiel, aliviados das suas responsabilidades, na cooperativa, só queriam estar junto da neta, passavam os dias a adorar a Eliane, para eles, aquela neta era a maior prenda das suas vidas

Os netos são como que o último presente, para quem já pouco espera da vida, sabem que estão de partida, que as forças vão faltando, mas verem os netos crescer, fá-los renascer, sempre, na esperança de um dia, até, poderem chegar a ver bisnetos.

 Continua

 

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