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28
Mar24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

 

53   

Em 1755, Portugal foi abalado por um terremoto e começou a perder o controlo do tráfico

Na tentativa de reverter a situação, em 1761 foram editadas leis, que obrigavam os navios a fazer escala em Lisboa, ou na alfândega, em Luanda

Mas, até 1769, apenas quatro navios respeitaram as novas leis. O que levou à construção de presídios para prender os desobedientes

No continente africano, a submissão das populações já não era tão simples como no passado

Os povos do interior começaram a organizar ataques com armas obtidas no comércio realizado, no litoral Atlântico

Tentou-se inclusive, embora sem sucesso, criar uma cavalaria em Angola

A cooperativa continuava a dar bons frutos: mais culturas, novos métodos, mais produção, mais clientes, porque a cidade continuava a crescer

A cooperativa estava a tornar-se uma grande família, com jovens casais, que sabiam como era importante a dedicação ao trabalho, a inovação, bem como a qualidade dos produtos, que produziam

A creche estava pronta, as mães estavam nervosas, estavam habituadas a terem os filhos atados a elas, nas suas costas, tinham receio de os deixarem à guarda das outras mães

Na assembleia geral tinham sido aprovadas as regras para a utilização da creche: todas as mães tinham o direito de a utilizar, não era obrigatório, mas para as mães, que tivessem filhos em idade de frequentá-la, era obrigatório fazerem parte de uma lista, para que todos os dias, pelo menos uma fosse escalada, para ficar a tomar conta das crianças    

A Rosinha prontificou-se a ajudá-las, estaria na creche sempre que pudesse, para ajudá-las, para que tudo corresse bem

Com a incumbência de tomarem conta das crianças, foram perdendo o nervosismo e passaram a confiar umas nas outras, nos cuidados com os filhos

Em pouco tempo, todas perderam os receios de deixarem os filhos na creche, tendo contribuído o facto de saberem como funcionava, porque todas tinham de participar no seu funcionamento

Depressa, perceberam que era bom para ambos, tanto para a mãe, como para o filho, que deixava de andar ao sol e ao vento, e elas ficavam aliviadas daquele peso, nas costas.

 

Continua

 

 

23
Mar24

Um ano de Império!

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Um ano de Império!

 

(23/03/2023)

 

Faz hoje um ano que comecei a publicar  “ O Império – as teias que  o Império teceu”

Comecei a escrevê-lo a 12/02/2023, sem qualquer plano, sem saber o que iria escrever, como continua a acontecer. Mas, hoje, tenho um conhecimento diferente, sobre as relações entre Angola e o Brasil

Como os heróis desta aventura decidiram viver em Angola, tem sido a história desta ex- colónia a mais mencionada

Infelizmente, foi a escravatura, que uniu as duas colónias. Com a ocupação de Luanda, pelos holandeses, os brasileiros, que necessitavam de escravos para as plantações e minas, tiveram de ser eles a expulsá-los de Angola 

Até finais do século XVII, Angola funcionou como um reservatório de escravos

Entre 1822 e 1823, centrado em Bengala e aglutinando outras cidades do litoral, surgia a Confederação Brasílica, um Estado separatista, que tinha a finalidade de juntar Angola ao recém-independente Brasil. Esse movimento foi formado por colonos e soldados de Benguela, que em boa parte provinham do Brasil. O governo da colónia, exilado em São Tomé, chamou reforços e esmagou a revolta

Uma boa parte desses colonos são presos deportados de Portugal, como o célebre Zé do Telhado

Às leitoras e leitores, agradeço os comentários, as sugestões e o interesse, por esta história, sem os quais, ela já teria acabado. Assim, não sei por quanto mais tempo este império continuara.

 

José Silva Costa

   

 

 

21
Mar24

O Império

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Império - As teias que o Império teceu

 

52   

 

A exportação de mão-de-obra escrava pelo porto de Luanda terá sido alvo de competição, no século XVII, entre portugueses e holandeses

A disputa entre os colonizadores, cujo vencedor foi o Reino de Portugal, originou a captura direta de escravos, nas chamadas Guerras Angolanas, no seio de certas tribos, que tinham lutado contra os portugueses

Tornando-se, Angola, num centro, importante de fornecimento de mão- de-obra escrava, para o Brasil, onde crescia não apenas a produção de cana-de-açúcar, no Nordeste, mas também a exploração de ouro na região central

Os navios, com mercadorias de Goa, faziam escala em Luanda, para deixarem panos, as chamadas “fazendas de negros”. Dali, seguiam para Salvador, na Bahia, carregados de escravos e de outras mercadorias provenientes da Índia (como louças e tecidos)

Salvador tornou-se um centro difusor de mercadorias, vindas da Índia, para América do Sul

Os negócios foram estruturados aos poucos. Num primeiro momento, os Governadores da colónia tinham o poder de determinar o preço dos escravos. O pagamento era feito com ouro proveniente de Minas Gerais, no Brasil

Mais tarde, em 1715, a coroa portuguesa proibiu os governadores de se envolverem no tráfico de escravos

Os negociantes provenientes do Brasil (principalmente do Rio de Janeiro, da Bahia e de Pernambuco) assumiram as rédeas do comércio, que teve um grande incremento

A principal feira fornecedora de escravos, para o porto de Luanda, era a feira de Cassanje

 A cachaça brasileira (jeribita) passou a ter um papel de destaque nas trocas, sendo valorizada tanto em Angola, quanto no Brasil. Figurava, ao lado da seda chinesa e as armas europeias, como uma das principais moedas de troca

Era, na verdade, a moeda mais corrente, já que o comércio de armas era controlado e a seda chinesa só chegava a África, depois de passar por Lisboa, o que elevava o preço e reduzia a sua liquidez

Outro produto brasileiro, muito valorizado, em África, era o fumo de corda de Salvador

A Rosinha e o Januário, aliviados das responsabilidades dos destinos da cooperativa, ajudavam na construção da creche, eram da opinião de que os idosos devem acabar os seus dias na companhia das crianças

Podiam muito bem acompanhá-las no recreio, nas suas brincadeiras, nas refeições, fazendo com que aqueles, que não têm avôs, sintam, também, o amor e a compreensão de quem já tantos anos passou, que mais tolerantes os tornou.

Continua

 

07
Mar24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

51    

 As cooperantes marcaram a assembleia geral da cooperativa. Reuniram-se todas, junto do embondeiro grande, muitas mulheres, apenas cinco homens

As mulheres trouxeram, para a discussão, o problema de passarem o dia a trabalhar com os filhos às costas

Colocaram à discussão e votação a criação de um sítio onde os filhos pudessem ficar em segurança, enquanto elas estivessem a trabalhar

Uma propôs que ficasse uma a tomar conta deles, mas ouviram-se, imediatamente, vozes a dizerem que não poderia ser só uma, por que se houvesse um problema em que ela tivesse de dar toda a atenção a essa criança, as outras ficariam em perigo

Tinham de ser, pelo menos duas, para tomar conta das crianças, que exige muita atenção, e é uma grande responsabilidade, para quem tem a incumbência de zelar pela sua segurança

O ideal seria que os avós estivessem por perto e disponíveis para ajudarem os pais, em caso de ocorrer um impedimento dos progenitores, ou para que tenham algum tempo para descansarem, pois, as crianças precisam de um acompanhamento permanente, que pode deixar os pais sem força para tomarem conta delas

Estava lançada a ideia, para que as mães deixassem de trabalhar com os filhos às costas

A Rosinha e o Januário aproveitaram para informar que iriam resignar aos seus cargos, porque o futuro era dos jovens, dizendo que já tinham dado o seu contributo e que se queriam dedicar aos futuros netos, mas estariam sempre prontos, para ajudarem no que fosse preciso

Uma vez que a assembleia estava reunida, aproveitou para eleger a substituta da Rosinha. Numa votação de braço no ar e por unanimidade elegeram a Leopoldina, para o cargo, que era da mãe

A Leopoldina aceitou o cargo, dizendo que faria tudo o que soubesse, para bem de todos, mas todos tinham de a ajudar na difícil tarefa de colocar os interesses da comunidade acima dos interesses individuais

Os pais ficaram muito contentes por ter sido a filha a escolhida, sabiam o seu valor e o apego à comunidade, que queria a todo o custo tivesse melhores condições de vida

A pouco-e-pouco a cooperativa ia ganhando forma, em breve teria um berçário e infantário, as mães poderiam deixar de andar a trabalhar com os filhos às costas

Outra grande transformação será os homens trabalharem no campo, ao lado das mulheres, mas só os jovens, que eram muito pressionados, pelas namoradas, para que rompessem com as tradições e trabalhassem ao lado delas

A resistência era muita, os mais velhos não queriam que os rapazes trabalhassem no campo, ao lado das mulheres

Uma sociedade governada pelos sobas, cujas ordens eram respeitadas, sem qualquer pedido de explicações, a evolução vai ser muito lenta, e é para isso que a Leopoldina tem de estar preparada.

 

Continua

   

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