O Império
O Império - As teias que o Império teceu
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Finalmente, depois de muitos dias a caminharem, o Januário, o cunhado e os guias chegaram ao Rio de Janeiro
Foram agradecer ao Governador, mais uma vez, a carta que lhe entregara, a preciosa ajuda dos guias, que tanto contribuíram para que cumprisse a missão
O Governador mostrou-se muito contente por, pelo menos, ter conseguido encontrar um familiar e levá-lo de regresso ao seu país, ao seio da sua família
Informou de que dentro de um mês teriam oportunidade de embarcar para Luanda
Foi uma viagem muito atribulada, enfrentaram grandes tempestades, recearam perder a vida, estavam já muito perto da costa africana
Ambos rezaram a todos os santinhos, para que conseguissem chegar a Luanda, tinham sofrido tanto, principalmente o cunhado do Januário que, como escravo, tinha sido submetido a muitas barbaridades
Felizmente, o barco conseguiu resistir à fúria das ondas que, à medida que se aproximavam da costa, diminuíram, fazendo com que tivessem chegado, sãos e salvos, a Luanda
Todas as palavras não chegam para descrever a alegria, que toda a família sentiu, quando o Januário, acompanhado do cunhado, apareceram de surpresa e bateram à porta
A Rosinha foi abrir, lavada de felicidade, sem conseguir parar de chorar, abraçaram-se e beijaram-se, durante alguns minutos
Depois, não vendo os irmãos, nem o pai, a sua alegria toldou-se, não reconheceu o irmão
Este disse-lhe quem era, agarrou-se a ela, beijaram-se e choraram juntos, aproveitou para lhe segredar que o pai e o irmão tinham morrido, fazendo que continuassem a chorar por mais uns minutos
A Rosinha disse-lhe que não o tinha reconhecido, por ele estar tão magro e com a aparência de muito mais velho
Respondeu-lhe que tinha passado por muito sofrimento, que receou não aguentar, quanto mais voltar a vê-la
Felicitou-a pelo bom marido, que tinha arranjado: um homem, com os outros, preocupado
um branco, tão diferente dos que tratavam os escravos como se fossem animais, que só queriam ser muito ricos, para mandarem fazer casas grandes, para terem muitas mulheres
para as mais novas e bonitas escravas escolherem, para suas amantes
Enquanto a Rosinha continuava a falar com o irmão, à porta de casa, o Januário entrou em casa, surpreendeu os filhos, que se agarraram a ele, os três beijara-se e choraram, disseram-lhe que tiveram muito medo de não o voltarem a ver
Disse-lhes que, também, teve receio de não conseguir voltar, pediu-lhes para se alegrarem, porque tinha conseguido trazer um irmão da mãe, para os conhecer, que estava ansioso para os ver, mas ainda estava lá fora a matar saudades da irmã, em breve estaria ali, para os conhecer e abraçar.
Continua