A sedutora
Lisboa! A sedutora
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O irmão da patroa, com saudades da irmã, também foi seduzido pela bonita Lisboa
Trabalhava nas Finanças de Tondela, concorreu para o Ministério das Finanças, em Lisboa, onde foi colocado
Os ordenados eram muito baixos, uns escudos extras davam muito jeito, o facto de haver muito trabalho fez com que o irmão da patroa, depois cumprir o horário de trabalho, no Ministério das Finanças, fosse fazer tapetes, quem também já fazia tapetes era a esposa do caixeiro-viajante, que vendia as peças para os tapetes, mas em casa dela
Deixou o lugar de frutas e hortaliças para poder estudar, mas não se decidia a procurar uma escola para saber se ainda se lembrava do que tinha aprendido nos quatro anos da escola primária
Estava como que a saborear o novo horário, o novo trabalho, a oportunidade de fazer horas extraordinárias e ganhar mais uns escudos, quase que se tinha esquecido dos estudos
Estava: “ Naquele ingano d` alma ledo e cego/ Que a fortuna não deixa durar muito”
(Lusíadas, canto III, est. 120)
Mas, a prova de que o assunto o atormentava, foi o cunhado do patrão, numa tarde, mal entrou, dirigiu-se a ele, e como quem dispara uma arma, disse-lhe: “andas a dizer que queres estudar. Já sabes que vais para a tropa e para o Ultramar. Queres ir como soldado ou como sargento? Basta fazeres o primeiro Ciclo Liceal, para ires como sargento.”
Aquelas palavras tiveram o efeito pretendido, foram as palavras certas no momento certo
Pegou na lista telefónica das páginas amarelas, ( o Google da altura) procurou uma escola, havia uma perto da Praça da Figueira, que preparava adultos para fazerem o exame da quarta classe
Assim que terminou o dia de trabalho, foi ver como funcionava a escola e inscreveu-se, não para fazer a quarta classe, que já tinha, mas para rever a matéria
Faltavam dois meses para terminar o ano letivo, pouco mais poderia fazer
Ia fazer 18 anos, queria fazer uma surpresa aos pais, desde que tinha vindo para Lisboa, só os tinha visitado uma vez, não conhecia o irmão e a irmã, mais novos que ele 15 e 16 anos respetivamente, apareceu de surpresa, a mãe chorava de alegria, ficaram muito felizes por se ter lembrado de os ir ver e festejar com eles os seus 18 anos, os mesmo que a mãe tinha quando ele nasceu
Estava a falar com a mãe e uma vizinha, quando esta lhe perguntou se tinha namorada, tirou do bolso as fotografias da namorada e mostrou-lhas, a vizinha disse para a mãe dele: “ esta vai ser a sua nora” e não se enganou
Da loja onde se vendia de tuto, telefonava para a namorada
As vizinhas casamenteiras, que não sabiam que ele tinha namorada, queriam casá-lo com a única rapariga casadoira do monte, que ainda estava à espera do príncipe encantado, tinha mais 3 ou 4 anos que ele
No terraço da loja, organizaram uma desfolhada, foi uma grande festa, houve milho rei e beijinhos, mas não foi ele a desencantá-la
Mais tarde apareceu o príncipe encantado e emigraram para França
Antes do novo ano letivo começar inscreveu-se na Escola Académica, que funcionava no Largo Conde de Barão, perto de onde trabalhava e vivia.
Continua