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cheia

cheia

30
Mar21

Lua Cheia

cheia

Lua cheia

 

Lua cheia descarada

Incendiaste a madrugada

Com o teu feitiço de namorada

Os corpos vibraram com a tua chegada

Como se fosses a mais bela amada

No brilho da fachada, projetaste a rua animada

De corpos em combustão desenfreada

Como não aconteceu em nenhuma outra madrugada

Foi neste fim de Março

Foi nesta primavera aprisionada

Que aceleraste a passada

Na noite mais perfumada

Nesta primavera confinada

Viajemos na volúpia da madrugada.

 

 

José Silva Costa

 

26
Mar21

Esperança

cheia

Esperança

 

No amargo da monotonia

Passamos o longo dia

Nesta Páscoa Concelhia

Vamos saudá-la com alegria

Porque vai ser inédita

Esta data de confraternização

Em que celebramos a ressurreição

Não é fácil esta separação

Mas, é necessária para a salvação

Dizem os Governantes da Nação!

Vamos ter mais tempo para a confraternização

No núcleo da mesma habitação

Não haverá reunião

Fica a intenção

Tudo adiado para quando houver autorização

Nessa altura faremos a confissão

Mostraremos a nossa gratidão

Por termos conseguido ultrapassar esta situação

Dando beijos, abraços e apertos de mão

Valorizando cada segundo, cada minuto, cada dia

Que conseguimos ganhar à pandemia

Mantendo a saúde e alegria

Na esperança de um novo e melhor dia.

José Silva Costa

 

 

 

23
Mar21

O fato!

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Mais um fato à medida!

 

A telenovela das barragens, há muito que dura

Mais uma lei alterada para haver justiça

O Berloque é que demonstrou o que se passou

Mas os visados foram fazendo de conta de que não era com eles

Até que outros se atiraram ao osso

Como o ditado diz: “uns comem os figos, outros rebenta-lhes a boca”

Quando o Governo se viu apertado

Chutou para o lado

A Autoridade Tributária e a Procuradoria levaram com os estilhaços

Tanto tempo em banho-maria!

Quem diria que, ao Presidente, chegaria

Agora, é só esperar pelos próximos capítulos.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

21
Mar21

Primavera!

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Dia mundial da poesia

 

Todos os anos, na mesma data, todos anseiam a tua chegada

Sempre bonita, vestida de flores, lindos odores, perfumada

Jovem, radiosa, formosa, airosa, amorosa, deslumbrada

O ar aguarda, impaciente, parado, emocionado, a tua amada

Tu és, para todos, a mais esbelta, a mais graciosa, a mais bela namorada

Todas as aves ensaiam, noite e dia, a sua melodia, para te ser cantada

E, em tua honra, todos os anos, uma nova euforia é dançada

Dando início ao acasalamento, à construção dos ninhos, uma tarefa delicada

Dela depende, a escolha que vai fazer, aquela que se pretende tenha ficado encantada 

Campos verdejantes floridos, melodias que encantam os sentidos

Verdes perfumados sons coloridos e fugidios

Árvores floridas nas ruas nuas, esguias

Onde o sol conta os dias e as horas

No desespero de voltar a ver as crianças atrás de um bola

Já não há pedintes a pedir esmola

Ninguém vai à rua, ninguém vai lá fora

O milagre da vacina demora

Muitos idosos acabaram por se ir embora

Quem é que esperava, que depois de mais um ano

Continuássemos a não poder pôr um pé na rua

A culpa não é tua!

Mas, estás associada, a estra triste chegada.

José Silva Costa

 

 

 

 

  

 

20
Mar21

Chegou!

cheia

A Primavera

 

Bem-vinda!

 

A mais bonita flor chegou

Nas asas do vento, nos braços da madrugada

Há muito tempo esperada

Flor encantada, toda perfumada

A natureza vestiu-se de flores perfumadas

Para festejar a tua chegada

As aves entoaram as suas melodias

Vens alegrar-nos os dias

 Princesa das flores e  dos amores

Quantos de nós, com a tua chegada

Esqueceu as suas dores!

A Natureza vestiu-se de amor

Para te abraçar, à chegada

Tu és a mais encantadora namorada

Tu és a mais bonita Estação

Tu és cor, alegria, emoção

Tu dás, ao Sol, a mão.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

15
Mar21

O Amor!

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O amor (2021)

 

Ardes no fogo da ilusão

Numa constante combustão

O amor é fogo que arde no coração

Ninguém lhe resiste! Não.

É mais forte que um vulcão

É mais forte a sua erupção

Não expele pedras nem lavas

Expele lágrimas sagadas

Que saram todas as feridas

Pelas erupções, provocadas

Queimas e curas tudo!

Aceleras ou atrasas o futuro

Fazes rodopiar o Entrudo

Não tens cura!

Podes até ser uma saudável doença

Provocar uma vida intensa

Festejamos a tua presença

Respeitamos a tua sentença

Podemos morrer, quando és doença

Mas tu és a mais bonita esperança

Aquele que nos abraça e dança

Quando, dentro de nós, avança.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

14
Mar21

Vidas (19)

cheia

Vidas

Continuação (19)

O anterior regime tentou esconder as tragédias, que aconteceram, principalmente nos anos sessenta do século XX. Uma grande tragédia foi o desabamento de uma das Coberturas da Gare da Estação Ferroviária do Cais do Sodré, na linha férrea de Cascais, que aconteceu a 28 de Maio de 1963, no dia do trigésimo sétimo aniversário do golpe de Estado de 1926, que deu origem ao regime do Estado Novo. O Governo negou ter sido um atentado, tendo retirado, ao construtor, o alvará de obras Públicas, por defeito na construção, fazendo com que a firma tenha falido cinco dias depois. Mas, ficou a dúvida, se não teria sido um atentado. Decorria o funeral do Escritor Aquilino Ribeiro. Esta tragédia causou 49 mortos e 61 feridos

No ano letivo seguinte, o José continuou a estudar na Escola Académica. Voltou a inscrever-se, para fazer exame como aluno externo, no mesmo Liceu, mas foi transferido para o Liceu Camões, que era considerado um dos mais exigentes. Ficou aprovado, já podia ir para o curso de Sargentos Milicianos

Assim que soube do resultado, mal saiu do Liceu, entrou na cabine telefónica, existente na via pública, para dar a novidade à namorada. Já tinham o casamento marcado para Setembro, autorizado pelos respetivos pais, por só terem vinte anos

Alugaram um quarto na Rua da Imprensa à Estrela, situada por detrás do Palácio de São Bento, por uma renda de quatrocentos escudos mensais, por mobiliar. O patrão, do José, ofereceu-lhe a cama e as mesas-de-cabeceira. Compraram uma pequena mesa retangular, com uma gaveta para os talheres e espaço para guardar os pratos e os tachos, e dois bancos, um rádio e a máquina de escrever completavam a mobília

  Naquela casa já viviam a dona da casa, com uma filha e um filho, maiores de idade, e outro casal com um bebé. Por cima, no primeiro andar, vivia o saudoso maestro José Atalaya, que nos deixou recentemente. Todas as noites adormeciam ao som dos seus ensaios   

Voltou a matricular-se na Escola Académica, para fazer o segundo ciclo liceal. Teve a sorte de ter três professores excecionais: o de português, um camoniano, que andava a elaborar um dicionário de “ Os Lusíadas”, O professor de ciências, que tinha o programa gravado na memória, obrigando-os a escreverem o que ele ditava, a grande velocidade, alegando que, como não tinham tempo para estudar, aquela era a melhor maneira de aprenderem qualquer coisa. Mas, havia uns indisciplinados, que o interrompiam, para fazerem perguntas, que poderiam ficar para o fim da aula, obrigando-o a ter de rebobinar ate chegar ao que estava a ditar. Depois do 25 de Abril, foi à televisão explicar como se distinguia o bacalhau do pixilim. O de matemática, que conseguia fazer com que as enormes expressões algébricas deixassem de ser um bicho-de-sete cabeças. Defendia a utilização da Televisão, para reduzir a enorme taxa de analfabetos. Aquando da apresentação disse que estava disponível, aos sábados à tarde e nas manhãs de domingo, para tirar todas as dúvidas, aos que quisessem e pudessem aproveitar

Nesse ano não fez nenhuma disciplina. Mas, ficou o fermento para quando saísse da tropa, para onde foi, pouco depois do ano escolar acabar. A mulher voltou para a casa dos pais. Aos vinte sete meses de casados nasceu a primeira filha

O ter conseguido subir um degrau no ascensor social, fez com que conseguisse cumprir o Serviço Militar, na classe de Sargento, que para além do estatuto, contribui-o para que, a parte do vencimento que podia ser recebida na Metrópole, cerca de 90 mil escudos durante a comissão, desse para remodelar a velhinha casa, que o sogro tinha feito, sem casa de banho, sem água canalizada, nem eletricidade. Havia, apenas, uma torneira no quintal. Mas, mesmo assim, o dinheiro não deu para ligar a eletricidade do poste exterior para dentro de casa: 7.500 escudos, pagos com os últimos ordenados da tropa. A esposa teve de fazer de servente, muito tendo trabalhado, para ter uma casa com comodidades e dar ao marido, ainda mais alegria à sua chegada. Quando lhe perguntou do que é que ele tinha gostado mais, a resposta foi: “a casa de banho”

Aqueles que nascem, onde já há todas as condições, não sabem dar valor ao que é subir a vida a pulso.

Ainda há pessoas que se questionam se vale a pena estudar! Sem dúvida, que vale a pena estudar, mesmo que não contribua para uma melhoria material, o ganho pessoal, não há dinheiro que o pague. Assim, devemos investir tudo o que podermos na educação dos filhos ou netos, porque é um investimento que não podem vender nem hipotecar, só o podem usar

Quando regressou da guerra, o José continuou a estudar. A mulher atou-o ao mar, e ele não se quer libertar. Ainda trabalhou, perto de casa, ano e meio, mas arranjou trabalho em Lisboa, a ganhar quase o dobro, o que fez com que se tenha sacrificado a perder quatro horas, por dia, em transportes, por mais quase trinta anos

Viver nove anos em Lisboa, foi um grande privilégio, porque tinha tudo à mão: cinemas, teatros, museus, jardins ……………

Quem estiver interessado em saber mais, sobre a vida militar, dele, pode fazê-lo em: https://socieadeperfeita.blogs.sapo.pt -  Mazelas

    

José Silva Costa

 

 

 

     

 

 

04
Mar21

Vidas (18)

cheia

Vidas (18)

 

Continuação

 

 

  Mas, neste caso, o príncipe exagerou, dizendo que tinha mundos e fundos, e a princesa, em vez de desconfiar de tanta fartura, acreditou que aquele tesouro estava guardado para ela

Confrontada com a realidade, não desanimou, abraçou a sua sorte, pautando a sua vida pelo trabalho e dignidade. Tiveram duas Princesas. No primeiro Carnaval, de casada, desafiou o José, para se mascararem, e por um dia afastarem as tristezas e agruras da vida, comemorando o dia com fantasia e alegria, trocando as roupas: ela vestiu-se de homem e ele de mulher

Quando o patrão casou, o José teve de deixar de dormir no local de trabalho, porque, para além do quarto de casal, só havia outro, muito pequeno, para onde foi dormir o irmão dele

Valeu-lhe o sótão existente no cimo do prédio, onde já dormia o cunhado, da prima dele, que trabalhava numa oficina auto, para aprender a profissão de mecânico. Tinha uma janela para as traseiras, só se viam os telhados, o vão da janela era o único sítio onde se podiam pôr de pé. O espaço onde dormiam tinha um metro e pouco de altura

Era muito frio, no inverno, e muito quente no verão, porque as telhas estavam assentes nas travessas de madeira, sem qualquer isolamento

O patrão, do José, costumava, pelo Natal, oferecer garrafas do vinho do Porto, aos clientes. Num inverno de muito frio, aproveitaram as caixas de cartão para forrarem o sótão, tornando-o mais quente

 Mas, passados uns tempos, começaram a aparecer percevejos, tentaram matá-los com um pó, não deu resultado. Tiveram de arrancar todo o cartão e fazer uma desinfestação com creolina

O José, assim que soube fazer os tapetes, aproveitou os domingos para trabalhar, por cada tapete recebia quinze escudos. Num domingo de agosto, em que toda gente foi para a praia, conseguiu fazer quatro tapetes, foi como se tivesse ganho uma fortuna

O patrão alugou um andar, noutro prédio, para onde o casal foi dormir, uma vez que estava à espera da primeira bebé, ficando o local, onde faziam os tapetes, disponível para aumentar a produção, com mais horas de trabalho e mais pessoal

O irmão mais novo, do patrão, também deixou o Alentejo, para se juntar aos outros dois, fazendo com que a irmandade se tenha juntado, depois de anos em que cada um andou para seu lado

 Lisboa exercia uma grande atração, principalmente para os jovens da província, que não viam qualquer saída profissional, para o seu futuro, nas suas terras. O irmão e a irmã do José, assim que fizeram a quarta classe, também foram para Lisboa. Mais, tarde o irmão mais novo e a irmã mais nova, quinze e dezasseis anos mais novos, respetivamente, também foram, com os pais, para os arredores de Lisboa 

O irmão, da patroa, pediu a transferência das Finanças de Tondela, para o Ministério das Finanças. Passou, também, a ir fazer, nas horas vagas, tapetes para aumentar o rendimento mensal, e poder pagar a renda da casa, na Amadora, para onde tinha ido viver com a mulher

O José já lhe tinha dito que queria ir estudar, mas nunca mais se decidia, parecia não estar com muita vontade, nem muita pressa em voltar a não ter nenhum tempo de descanso, porque trabalhar

oitos horas por dia, com aulas das 20 às 24 horas, cinco dias por semana, não era muito agradável, nem tempo tinha para namorar

Mas, numa bela tarde, o cunhado do patrão, mal entrou na sala, e depois de os cumprimentar, voltou-se para o José e disse: “ andas a dizer que queres estudar, já sabes que não te livras da tropa, queres ir como soldado ou como sargento? Tens dois anos para fazeres o primeiro ciclo liceal, para ires como sargento”

Aquelas palavras mexeram tanto com ele, que ao fim do dia, quando acabou o trabalho, pegou na lista telefónica das páginas amarelas (o melhor motor de busca, daqueles tempos) e escolheu uma escola para ir estudar à noite. Na abertura do ano letivo, matriculou-se na Escola Académica, que admitia alunos internos e externos, no Largo Conde de Barão, perto de onde ele vivia, enquanto a anterior ficava na Praça da Figueira, e era para quem queria fazer a quarta classe

Como o dinheiro não era muito, aquando da apresentação dos professores, perguntou a alguns colegas onde iam comprar os livros. Informaram-no de que poderia comprá-los, no alfarrabista da Calçada do Carmo, que comprava e vendia livros usados

Na época de exames, inscreveu-se para fazer o primeiro ciclo liceal, no Liceu Passos Manuel, que fica perto de onde residia. Reprovou. Para além de serem dois anos num, já estava muito esquecido do que aprendera na instrução primária.

Continua

 

 

01
Mar21

Vidas (17)

cheia

Vidas

Continuação (17)

 

Aproveitou um dia em que foi levar as compras à freguesa, que morava no Largo de Camões. Telefonou-lhe duma cabine telefónica, para lhe dizer que aceitava as condições, e combinaram que começaria a trabalhar mo início do mês seguinte

Estava com pena de deixar aquela família, com quem conviveu quatro anos, e daquele trabalho, que muito gostava, com exceção do horário de trabalho. Mas, não podia perder a oportunidade de ter um trabalho, que lhe permitisse continuar estudar

Tinha receio do salto para o desconhecido. Seria um trabalho diferente, com menos contacto com os clientes, ainda que o futuro patrão lhe tenha dito que iria entregar os tapetes aos stands e também depositar os cheques nos Bancos. E, como seria a aprendizagem para fazer os tapetes?

Não sabia como dizer ao patrão que se ia embora, como seria a sua reação. Assim, foi pensando no que diria. Quando entrou no estabelecimento, só conseguiu dizer, que no fim do mês se ia embora

O patrão, apanhado de surpresa, voltou à velha conversa, que agora é que ia abrir um estabelecimento, para ele tomar conta. O José disse-lhe que sairia no fim do mês, que ia ganhar mais, teria um horário de 48 semanais, permitindo-lhe que estudasse

Aquele mês nunca mais acabava. Mesmo que não tenha sentido qualquer hostilidade, já não se sentia com o mesmo à vontade, porque em breve ia deixa-los, não sabendo o que pensariam da sua partida

No dia seguinte começou a informar as criadas, com quem mantinha uma cordial convivência. Quase todas compreenderam a sua decisão, desejando-lhe boa sorte. Mas houve uma que ficou muito triste, era dos arredores de Mangualde, porque gostava dele, mesmo sendo um ano mais velha

O Senhor, que tinha estado no Brasil, é que não gostou nada da sua decisão. Numa tarde em que estavam sozinhos, chamou-lhe à atenção, que por causa de atitudes como a dele, é que o país nunca progrediria, porque tinha passado quatro anos a aprender a ser caixeiro e, agora, ia aprender outro ofício, e assim continuamente, sem nunca produzir o que devia, por andar sempre a saltitar deu lado para o outro

Todos faziam, o mesmo, quando estavam aptos a desempenhar a função, para a qual tinham passado vários anos a aprender, abandonavam o posto de trabalho sem, das consequências, querem saber

Era por isso que o país não conseguia alimentar todos os seus filhos, fazendo com que tivessem de ir a salto, para os outros países, como estava acontecer com os que todos os dias pagavam fortunas aos passadores, para abandonarem o país

O José ainda tentou justificar-se, dizendo que queria estudar. Mas, ele não aceitou a justificação, dizendo-lhe que para ser caixeiro não precisava de estudar mais, e que ainda-por-cima tinha a sorte de fazer o que gostava. Por que razão deixava um futuro, que poderia ser brilhante, para ir aprender outra coisa, que se calhar nem futuro tinha?

Entretanto, o tão desejado fim do mês chegou, e o José mudou-se para a Rua da Paz, para um primeiro andar com vista para a Rua dos Poiais de São Bento 

Começou a aprender a fazer os tapetes para os automóveis. Entregaram-lhe uma tesoura grande e uma agulha com um cabo de madeira. Havia moldes, em papel, para as diversas marcas e modelos, que colocavam no verso da peça de cairo, para marcar por onde tinham de cortar, para que os pedais do travão, da embraiagem e acelerador ficassem livres, a funcionar

Antes de procederem ao corte, tinham de coser por onde iriam cortar, para que a peça não se desfizesse. Era fácil de aprender, o mais difícil era tirar o molde, no carro, trabalho de que se encarregava o patrão

 O José, ao fim de dois anos de estar nos tapetes, foi a uma oficina, em Setúbal, tirar o molde a um carro, raro. Estava com receio que não ficasse perfeito. Mas felizmente, não houve reclamação  

Era um prédio muito antigo, originalmente não tinha casas de banho, tinha uma pia ao lado do-lava loiça. Quando o patrão do José, e a prima dele foram para lá viver, ele no primeiro andar, e ela no quarto andar, já tinha casas de banho. Aquele primeiro andar estava cheio de peças de cairo, a exceção era a casa de banho. José e o irmão mais velho do patrão dormiam na sala, no local onde trabalhavam. À noite arrumavam as mesas onde trabalhavam, estendiam um bocado duma peça, no chão, a servir de colchão, e estava a cama feita

No princípio, o patrão passava a maior parte do tempo a viajar pelo país, visitando stands, angariando clientes. Conheceu uma senhora em Tondela, que como tantas outras, “presas” no interior do país, sonhava com o príncipe, que a tirasse daquela vida sem futuro, sem uma profissão, na dependência dos pais, em que a única tábua de salvação era arranjar um marido, para concretizar o sonho de ter filhos: uma família

Continua

 

 

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