O Mundo, visto de longe, parece um poema a embeber os olhares.
Cabe todo nas nossas mãos, bem como o azul suave da doce tranquilidade. Mas ao abri-las arrepiamo-nos, por vermos como o maquilham, para nos entreter, enquanto utilizam, todo o saber, para o adoecer.
Brotam chispas, dos olhos dos homens,
As lágrimas rasgam rios nos rostos,
Que queimam até a frescura das fontes.
Nas paisagens, que antes eram luxuriantes,
Agora o medo é todo preto,
Os homens abandonam o corpo corrosivo.
As almas, envoltas em nuvens de fumo, sobem ao paraíso,
Deixam, em terra, mensagens digitalizadas à massa cinzenta globalizada
Perguntando à razão, o que leva mentes doentes, a incendiarem as florestas.
Num mundo com o sol da cor da fome,
Barcos com veias nas velas, sem mares por navegar, não chegam a largar.
A terra, com as entranhas a arderem, procura a todo o custo proteger
O ventre, onde guarda os grãos de amor, prontos a florir.
Há um rumor de vida, parecem humanos, no seu aspecto são índios, sem tecto
Querem baptizá-los, o sal na língua, a água na moleirinha.
O passado é um tranquilo olhar a interrogar o futuro, que está sempre ausente.
E, o presente escoa-se por entre os dedos da mente.
Por entre casas, com o sol no ocaso, as pessoas olham o mar,
De mãos vazias, seguram as rugas, que esperam por uma carícia.
E, as letras, no branco das páginas, parecem ilhas, rodeadas de tantas maravilhas:
Automóveis
Televisões
Computadores
Faxes
Telemóveis
Vídeos
Impressoras
E, uma em cada três crianças passa fome
Uma em cada quatro crianças, nunca levou uma vacina
Uma em cada cinco crianças, não vai à escola
Metade dos trabalhadores mundiais vive com dois dólares por dia
A fome e a má nutrição matam anualmente cinco milhões de crianças em todo o mundo.
José Silva Costa