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cheia

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30
Abr16

Maio

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Maio

Maio, mês de todas as flores e de todos os horrores

Das ceifeiras e das papoilas

Trigueiras ceifeiras, de rosto tapado, para se protegerem dos beijos do sol, das papoilas e das espigas

A ceifa parecia uma orquestra bem afinada, um espetáculo inesquecível

Um movimento com o céu parado: mãos, canudos e foices num movimento sincronizado

Formavam um harmonioso bailado, com as espigas a dançarem no ar abafado

Que tem por fim segar o trigo e coloca-lo no restolho, confortado

À espera de ir para a eira, para ser debulhado.

Ninguém mais verá a planície florida de moças e moços, papoilas e espigas douradas

Não. Não verão mais o mar de trigais, ondulando, pontuado, aqui e além, por papoilas vermelhas

Não. O Alentejo não será mais o celeiro de Portugal

Um sacrifício a que foi condenado

Mesmo que a terra gemesse e já nada desse

Gentes e terra foram condenadas, por não se submeterem

A uma ditadura odiada.

Foste libertado em Abril, mas floriste em Maio

Acabou a adiafa, gratificação que simbolizava o fim de um dos trabalhos mais penosos.

Corpos vergados ao sol escaldante, em movimentos de competição, para colherem o pão

Que bom que seria, que todos soubessem, quantas voltas das, até chegares à mesa!

 

 

José Silva Costa

 

28
Abr16

Quantos mil milhões

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Dia Mundial do trabalhador

Um dia de luta, morte e dor

Depositámos demasiadas esperanças no nosso Continente

Depois de muitas guerras sangrentas, acreditámos que poderia ser diferente!

Mas, infelizmente, passado menos de um século, tudo está efervescente

A tecnologia é que é independente

A Síria, a Líbia e o Iraque são um inferno

Não há monumentos, nem casas, nem ruas

As cidades estão mortas, desfeitas e nuas

De onde todos fogem à procura do céu: a Europa

Mas, esta está a voltar, outra vez, ao nazismo

Esqueceram a igualdade, a solidariedade, a fraternidade!

Só pensam no individualismo

Os trabalhadores estão, outra vez,confrontados com o desemprego e o autoritarismo

Passaram de trabalhadores a colaboradores

Não têm horário de trabalho, têm de estar sempre disponíveis!

Os patrões exigem-lhes, cada vez mais sacrifícios

Não querem assumir as responsabilidades sociais

Não querem pagar impostos, levam o dinheiro para os paraísos fiscais (quantos mil milhões?)

A obtenção ou a perda do emprego é um desespero

Será da condição humana, que alguém tenha de perder a cabeça

Para que os outros parem para pensarem?

 

26
Abr16

Fundações

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Dia Mundial do trabalhador: um dia de morte e dor

Os séculos vão passando, envelhecendo, e nada de novo, entre o trabalho e capital

O capital só pensa em acumular

O trabalho está, cada vez, mais mal

Todas as engenharias financeiras são permitidas, para nos enganar

Colocam os milhões no Panamá, para não pagar impostos

Dos milhões roubados

Dão um por cento aos criados

Depois, são condecorados!

Nascem fundações, que grandes comilões!

São todos comendadores

Pagar impostos, é que não, senhores Doutores!

E, se alguns têm de pagar

Vão o entregar a outros países

Mesmo que seja contra as regras

Como aconteceu na Bélgica

Onde estão a jugar os denunciantes

Se era tudo legal, por que razão era confidencial?

Agora, é na Holanda, que os impostos estão em saldo

É para lá que vão os impostos do nosso trabalho

Digam lá, se há Continente mais solidário

Ou Pingo mais Doce!

O que seria de nós, se não fossem os comendadores?

 

 

José Silva Costa

24
Abr16

Quem é que não descontou o suficiente?

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Dia Mundial do trabalhador: um dia de morte e dor

Os séculos vão passando, envelhecendo, e nada de novo, entre o trabalho e capital

O capital só pensa em acumular

O trabalho está, cada vez, mais mal

Todas as engenharias financeiras são permitidas, para nos amolecer

Colocam os milhões no Panamá, para esquecer

Quem é que vive acima das suas possibilidades?

Ao trabalho cortaram o ordenado e a pensão

Supostamente, por te comido a parte do patrão

Vejam bem, quanto custa, honradamente, ganhar o pão!

21
Abr16

Liberdade

cheia

Vinte e cinco de Abril de 2016

Este ano vais florir

Sob a bandeira de um Governo de Esquerda

Mais sensível aos dramas socias, do que aos financeiros

Gente Lusa, agarrai com pujança!

Esta grande mudança

Mostrando, que com trabalho e muito tino

Podeis, de novo, espantar o Mundo

Porque, quem fez uma revolução

Com cravos vermelhos e beijos

Tem sabedoria para afirmar:

Não é fechando a fronteira

Que se acaba com a asneira

Ninguém pediu para nascer aqui ou acolá!

Trabalhemos com afinco

Homens e mulheres

Lado a lado

Para construirmos

Um Mundo melhor

Mais feliz!

Sem ódios nem preconceitos

Estamos todos, à Natureza, sujeitos

“ Fazer bem, sem olhar a quem”

Deve ser a nossa Bandeira.

 

José Silva Costa

 

20
Abr16

Arame-farpado

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Migrantes

 

Senhores governantes

Dos países Europeus

Estão a ver, como o vosso acordo com a Turquia

Está a matar mais refugiados!

Quantos, mais milhões, terão de morrer

Para vos fazer compreender

Que o fecho das fronteiras nada vai resolver?

Porque é mis penoso, na origem, morrer

Do que enfrentarem o mar.

Não tenham medo de tomar decisões

Mesmo que percam eleições!

Mandem, o mediterrâneo, cercar

De arame-farpado

Para ninguém passar.

José Silva Costa

19
Abr16

Catarina

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Catarina Eufémia

O dia parecia de calma, com o mercúrio a passar o quarenta graus centígrados

Mas, de repente tornou-se num inesquecível dia de terror

As espigas já estavam douradas, segá-las era uma oportunidade para enganar a fome

Porque com trabalho sazonal: monda e ceifa, a fome era endémica.

Querias, para os teus filhos, pão

Querias, ao patrão, expor a tua razão

Com a força de quem tem filhos para criar

E, para melhor a aflição demonstrar

Decidiu, nos braços, o terceiro filho, levar

Quem poderia adivinhar, o que os podia esperar?

Quando, com a realidade não conseguimos conviver

É às armas, que os fracos costumam recorrer

Não é isso que, no Mediterrâneo, estamos a fazer?

Com a convicção de que te iam entender

Porque, certamente, não quereriam ver

Os teus filhos, à fome, morrer!

Enfrentaste o tenente da GNR, que não teve pejo em te abater!

Com três tiros: um por cada filho !

Uma crueldade exemplar!

Para que mais ninguém tivesse a ousadia de falar

Cego, pelo poder, nem viu o que estava a fazer

Uma dor! Um horror! Que o Mundo nunca vai esquecer!

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

18
Abr16

Comendadores

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Os Comendadores

 

Papéis do Panamá

Onde é que os não há?

Famosas regras da concorrência

Com tantos buracos negros

Não há decência!

Comendadores, muito generosos

É no que dá

Comendadores, donos de fundações

E de outros alçapões

Para esconderem os milhões.

17
Abr16

As criançaso futuro

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Do Oriente para o Ocidente

Da China para Espanha

Adotada

Flor delicada

Ao vento atirada

Que triste sina!

Suportaste a violência

De saberes que te queriam matar

De teres uma mãe assassina

Ainda tiveste tempo

De, os professores, avisar

Mas, o teu pai

Que te ia sempre buscar

Deixou andar

Ou acelerou a intenção

De te matar

Dizem, devido a uma herança

Mas, ninguém mata, por isto ou aquilo

Só mata quem é assassino

Foi breve o teu destino

Porque te cruzaste

Com uma, com um, ou com dois assassinos.

 

José Silva Costa

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