As crianças
É um colorido de vidas: crianças alegres e risonhas, sem saberem o que as espera
Correm ao longo da barreira de arame
Parecem pássaros a quererem voar
Abrem os pequenos braços, como se fossem asas
Numa tentativa, de a fronteira, atravessar
Como não me posso emocionar?
Ao ver crianças indiferentes ao frio e à chuva
A pedirem para entrar
E, do outro lado um exército a ameaçar
Esta é a Europa: velha, medrosa, indiferente
Em que já não há gente
Todos somos roubos
Sem sensibilidade, nem sentimentos
Não! Não me habituo
Por mais que a televisão me massacre o juízo
Os dias, as noites, os minutos são um castigo
Acabem de vez com este espetáculo
Lembrem-se que poderiam ser os vossos filhos e netos
Sem um teto, sem pão nem água
Mas mais do que tudo
Sem esperança, que é o que nos mata.