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Fogem à fome
Deixam a família
Andam anos a pé
Morrem de fadiga
Sem nada na barriga
Chegar a Mellila ou Céuta
Às portas do paraíso!
Um paraíso muito guardado
Por arame farpado
África, fome, corrupção
Fome, corrupção, imigração
A corrupção aperta o coração
África, mãe, madrasta
A fome, multidões arrasta
A esperança basta
Para percorrer o Continente, a pé
Arriscam a vida
Porque, na verdade, já a perderam
Se conseguirem atravessar o mar
Beber a água da Europa
Se não forem recambiados
Ressuscitam
Tantas desigualdades!
Uns com tudo
Outros sem nada
Antes escravizados
Agora esfomeados
Morrem aos punhados
À vista dos nossos telhados
Mal tratados
Pela nossa indiferença
De obesos atulhados
Nas bandas gástricas
Da abundância.
G 7 mais um
Conferência UE África
São só promessas
De milhões de nada
De consciências comprometidas
A esconderem-se das vidas
Que sangram nas avenidas
Enquanto os donos do Mundo
Se empanturram de comidas.