O Império
O Império - As teias que o Império teceu
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As artes e ofícios, também, estavam na mira do Governador, que ambicionava um grande desenvolvimento, para Angola
Ele e a Zulmira não se cansavam de procurar como impulsionar a economia da colónia, decidiram ir falar com o Roberto, para lhe pedirem que transmitisse aos seus alunos, que teriam todo o apoio do Governador, pelo seu trabalho, para melhorarem os métodos e a produção, na agricultura
As raparigas e rapazes ficaram muito contentes por todos estarem com os olhos postos neles, alimentando a esperança de que eles é que seriam capazes de fazer evoluir a colónia, até o Governador reconhecia o seu valor
Alvos de tantas atenções, fazia com que todos se dedicassem, ainda, mais às suas experiências com as sementes, que o Governador tinha levado da Metrópole
Nem sempre as plantações corriam como eles tinham imaginado, ou porque as sementes não germinavam, ou as plantas não cresciam com a rapidez, que desejavam
A agricultura é um laboratório ao ar livre, sujeito a muitas condicionantes, entre elas, a humidade, a temperatura, as características do terreno, os ventos.
A ideia de Portugal foi chumbada: o que se passou na Conferência de Berlim
29 Maio, 202528 Maio, 2025
Realizou-se há quase 150 anos, numa altura em que as potências europeias disputavam o controlo por África. Portugal teve um papel ativo nesse encontro histórico.
Contexto: a disputa por África. No auge do imperialismo, diversas potências europeias queriam controlar o continente africano, ou partes do continente.
Portugal era um desses países. Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Itália e Espanha eram outras. Todas participaram na Conferência de Berlim, realizada entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885. Ao todo, participaram 14 países, até alguns que não tinham colónias em África (escandinavos e EUA).
A organização do encontro pertenceu ao chanceler Otto von Bismarck, mas a proposta veio de Portugal, lembra a Encyclopædia Britannica.
As prioridades eram regular a colonização, a exploração da África pelas potências europeias. Tentar evitar confrontos entre os europeus.
Também conhecida como Conferência da África Ocidental, era um encontro para abordar uma ocupação (pelo menos parcial) desordenada de territórios africanos.
A reunião servia para estabelecer o princípio da “ocupação efetiva” — ou seja, um Estado europeu só teria direito sobre uma colónia se ocupasse de facto o território e estabelecesse uma administração local.
Além de tratar do fim do tráfico de escravos, também serviria para garantir liberdade de comércio e navegação nos rios Congo e Níger.
Aliás, essa zona era central nesta conferência. Discutiam-se todas as questões territoriais relacionadas com a bacia do Zaire (actual RD Congo), na África Central.
Portugal propôs esta conferência porque reivindicava o controlo do estuário do Zaire.
Mas a ata geral da Conferência de Berlim declarou neutra a bacia do rio Zaire – o que viria a influenciar a I Guerra Mundial, que não foi alvo de ataques dos Aliados.
Ficou de facto garantida a liberdade de comércio e de transporte para todos os Estados da bacia – aplicando os princípios do Congresso de Viena quanto à navegação nos rios internacionais; proibiu o tráfico de escravos.
E as reivindicações de Portugal foram rejeitadas. Assim, nascia o Estado Livre do Congo, que ocupava precisamente a maioria da bacia do rio Congo e o território da actual República Democrática do Congo.
Os representantes portugueses nesta Conferência foram António Serpa Pimentel, António José da Serra Gomes (Marquês de Penafiel), Luciano Cordeiro, Carlos Roma du Bocage (adido militar), José P.Ferreira Felívio (adido) e Manuel de Sousa Coutinho (segundo secretário), lembra o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
No ano seguinte à Conferência de Berlim, e ainda do lado português, surge o famoso ‘Mapa cor-de-rosa’, que mostrava a ideia de Portugal de dominar todos os territórios entre Angola e Moçambique. Mais tarde, o Ultimato britânico de 1890 travou as ideias lusas e originou uma forte tensão entre Portugal e Reino Unido.
A África, tal como outras regiões colonizadas, foi repartida sem qualquer consulta às populações locais.
Nuno Teixeira da Silva, ZAP // (29 MAIO, 2025)
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