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19
Jun25

O Império

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O Império   -   As teias que o Império teceu

118

As artes e ofícios, também, estavam na mira do Governador, que ambicionava um grande desenvolvimento, para Angola

Ele e a Zulmira não se cansavam de procurar como impulsionar a economia da colónia, decidiram ir falar com o Roberto, para lhe pedirem que transmitisse aos seus alunos, que teriam todo o apoio do Governador, pelo seu trabalho, para melhorarem os métodos e a produção, na agricultura

As raparigas e rapazes ficaram muito contentes por todos estarem com os olhos postos neles, alimentando a esperança de que eles é que seriam capazes de fazer evoluir a colónia,  até o Governador reconhecia o seu valor

Alvos de tantas atenções, fazia com que todos se dedicassem, ainda, mais às suas experiências com as sementes, que o Governador tinha levado da Metrópole

Nem sempre as plantações corriam como eles tinham imaginado, ou porque as sementes não germinavam, ou as plantas não cresciam com a rapidez, que desejavam

A agricultura é um laboratório ao ar livre, sujeito a muitas condicionantes, entre elas, a humidade, a temperatura, as características do terreno, os ventos.

 A ideia de Portugal foi chumbada: o que se passou na Conferência de Berlim

Nuno Teixeira da Silva

 29 Maio, 202528 Maio, 2025

 

Realizou-se há quase 150 anos, numa altura em que as potências europeias disputavam o controlo por África. Portugal teve um papel ativo nesse encontro histórico.

Contexto: a disputa por África. No auge do imperialismo, diversas potências europeias queriam controlar o continente africano, ou partes do continente.

Portugal era um desses países. Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Itália e Espanha eram outras. Todas participaram na Conferência de Berlim, realizada entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885. Ao todo, participaram 14 países, até alguns que não tinham colónias em África (escandinavos e EUA).

A organização do encontro pertenceu ao chanceler Otto von Bismarck, mas a proposta veio de Portugal, lembra a Encyclopædia Britannica.

As prioridades eram regular a colonização, a exploração da África pelas potências europeias. Tentar evitar confrontos entre os europeus.

Também conhecida como Conferência da África Ocidental, era um encontro para abordar uma ocupação (pelo menos parcial) desordenada de territórios africanos.

A reunião servia para estabelecer o princípio da “ocupação efetiva” — ou seja, um Estado europeu só teria direito sobre uma colónia se ocupasse de facto o território e estabelecesse uma administração local.

 

Além de tratar do fim do tráfico de escravos, também serviria para garantir liberdade de comércio e navegação nos rios Congo e Níger.

Aliás, essa zona era central nesta conferência. Discutiam-se todas as questões territoriais relacionadas com a bacia do Zaire (actual RD Congo), na África Central.

Portugal propôs esta conferência porque reivindicava o controlo do estuário do Zaire.

Mas a ata geral da Conferência de Berlim declarou neutra a bacia do rio Zaire – o que viria a influenciar a I Guerra Mundial, que não foi alvo de ataques dos Aliados.

 

Ficou de facto garantida a liberdade de comércio e de transporte para todos os Estados da bacia – aplicando os princípios do Congresso de Viena quanto à navegação nos rios internacionais; proibiu o tráfico de escravos.

as reivindicações de Portugal foram rejeitadas. Assim, nascia o Estado Livre do Congo, que ocupava precisamente a maioria da bacia do rio Congo e o território da actual República Democrática do Congo.

Os representantes portugueses nesta Conferência foram António Serpa Pimentel, António José da Serra Gomes (Marquês de Penafiel), Luciano Cordeiro, Carlos Roma du Bocage (adido militar), José P.Ferreira Felívio (adido) e Manuel de Sousa Coutinho (segundo secretário), lembra o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

No ano seguinte à Conferência de Berlim, e ainda do lado português, surge o famoso ‘Mapa cor-de-rosa’, que mostrava a ideia de Portugal de dominar todos os territórios entre Angola e Moçambique. Mais tarde, o Ultimato britânico de 1890 travou as ideias lusas e originou uma forte tensão entre Portugal e Reino Unido.

A África, tal como outras regiões colonizadas, foi repartida sem qualquer consulta às populações locais.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //      (29 MAIO, 2025)

Continua

 

 

12
Jun25

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

117

O Governador ficou com a pulga de trás da orelha, talvez os diamantes fossem a tábua de salvação, para o progresso de Angola, ajudando-o a cumprir a missão de aumentar os rendimentos da Coroa Portuguesa

Já tinha ouvido falar do sucesso da exploração de diamantes, na colónia do Brasil, onde foram descobertos, por volta de 1730, no vale do Rio Jequitinhonha, em Minas Gerais

A região do Arraial do Tijuco tornou-se tão rica, que os seus habitantes, graças ao trabalho dos escravos, viviam num luxo, que ombreava com o das cidades mais ricas da Europa

Alguns escravos conseguiam que os ” Senhores” lhes dessem carta de alforria, umas vezes comprada, outras por lhes serem fiéis e honestos

Assim que conseguiam a liberdade, tentavam comprar um escravo, para viverem do trabalho dele

O Miguel disse à esposa que iria tentar saber se os diamantes, no Rio Quanza, seriam em quantidade suficiente, para pedir ao Rei, que autorizasse a sua exploração

Constava que os diamantes de África eram melhores e mais apreciados do que os do Brasil, o que poderia ser uma vantagem

Como não era fácil a deslocação à região dos diamantes, pediu que lhe trouxessem umas amostras, para ver se valia a pena incomodar o Rei, com o pedido da exploração

Quando lhe trouxeram cinco lindos diamantes, ele e a Zulmira ficaram encantados com tão grandes e lindas pedras, imediatamente disse para a esposa, que os iria enviar ao Rei, assim que tivesse portador

Enquanto não houvesse autorização, para a exploração de um produto de adorno, que a qualquer momento poderia passar de moda, o melhor seria continuarem a apostar na agricultura, que é uma produção, que é essencial à vida, sendo que à medida que as sociedades vão evoluindo, tornam-se mais exigentes, consumindo uma maior variedade de produtos e preferindo os que são cultivados mais de acordo com a Natureza

O Governador não se cansava de elogiar todos os que queriam tornar a agricultura mais produtiva, com mais variedades de produtos e melhores produtos

Para reforçar o seu empenho, na agricultura, decidiu doar à cooperativa, as sementes, que tinha trazido da Metrópole, para que fosse experimentada a sua produção, em Angola. Tratava-se das seguintes: trigo, centeio, cevada, feijão, ervilhas, tomate e grão-de-bico.  

Continua

 

 

05
Jun25

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

116

O Roberto não podia estar mais contente com o seu trabalho, ver os seus alunos quererem produzir mais e melhores alimentos, era o melhor resultado que eles lhe podiam oferecer, porque a alimentação é a base da sobrevivência, sem comida não se consegue viver, só depois de assegurada essa necessidade é que aparecem as outras

A Marina e a sua ajudante, a Alicia, sonhavam com a criação de um hospital. Numa visita do Governador, ao posto médico, acompanhado da esposa, a Zulmira, irmã da Marina, esta confidenciou-lhe o sonho de quem trabalhava naquele posto médico, pedindo que as ajudasse a concretizá-lo

O Miguel disse-lhes que era um bonito sonho, tão importante para toda a população, mas não as poderia ajudar, porque não aceitaram a sua proposta de criar impostos, e sem dinheiro, nada poderia fazer, uma vez que o Rei o tinha incumbido de tornar a Província rentável, para poder ajudar a Coroa

Uma missão quase impossível, que ele aceitara com a convicção de que era possível, todos diziam que Angola tinha muita riqueza, que a escravatura dava rios de dinheiro, mas os empresários desse negócio tinha ido para outras paragens, devido à pressão, que europeus e americanos exerciam sobre Portugal, para que acabasse com a escravatura

A esposa queria que fomentasse a agricultura, a extração de minério e diamantes, e ele contrapunha, fosse para o que fosse, era preciso dinheiro para comprar alfaias e utensílios para a exploração dos minérios, sendo um círculo vicioso, do qual ninguém conseguia sair, sem o vil metal 

Ela insistia que em Angola era diferente, nas margens do rio Quanza havia quem tirasse diamantes com um simples pau. As suas terras eram muito férteis, precisavam era de quem as soubesse amanhar

Estava convicta de que a cooperativa daria um grande impulso à agricultura, com a ajuda dos jovens, que o Roberto encaminhara para as lavras, a fim de contactarem com os mais velhos, principalmente as mulheres, que, sempre, dela tiraram o sustento para a família. O mais difícil era acabar com a tendência de serem só as mulheres a trabalharem a terra, coisa que o Roberto parecia estar a conseguir, incutindo nos jovens o prazer de semear, ver crescer, apanhar e comer, o que fazia com que se sentissem realizados e admirados, pela comunidade

Muitas vezes o que falta, aos povos,  é quem os consigam galvanizar, para feitos extraordinários, sendo que os seus representantes têm de ser pessoas sérias, confiáveis, capazes de dar o exemplo

Roberto tinha esperança que o entusiasmo dos jovens, que o seguiam, fosse o farol, para a construção de uma Angola mais próspera.

Continua

 

 

01
Jun25

18 anos!

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Aniversário
 
 
Hoje, este blog faz dezoito anos, tem sido uma caminhada muito proveitosa. Neste convivio, sem data ou hora marcada, podemos a qualquer hora  ler e comentar o que cada um publica.  Com tanta variedade e qualidade, temos uma inesgotável fonte de conhecimento à nossa disposição.
Agradeço a todas e todos o muito que tenho aprendido, com os vosss posts e comentários.  Muito obrigado por estes 18 anos de companhia e muita sabedoria.
 
Estreei-me com o seguinte post:
 
 
 
 
01
Jun07

Mosteiro de Arouca

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Às

Noviças, e a todos, a quem roubaram a liberdade

Na juventude

Quando o corpo se empertiga

E o desejo o castiga

O pensamento é o seu sustento

Nada o prende, nem o vento.

A liberdade é empolgamento

Que não cabe em nenhum convento

Por muito que o queiram tornar bento

É, sempre, um lugar sem movimento.

Para o amor não existem prisões

Mosteiros, grades, divisões

É a vida afogada, no fogo da clausura

O sonho ceifado no raiar da aurora

O ímpeto maternal subjugado pelas paredes.

Noviças, monjas, abadessas no isolamento

Nem a presença das aias lhes suavizava o sofrimento

É a dimensão do mundo num momento

A roda do tempo presa num fio de vento

A morte antes da dor e do julgamento.

 

 

 
29
Mai25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

115

Mesmo em lua-de-mel, o Miguel não queria que a questão da cobiça da rica Angola, por parte de outros países, caísse no esquecimento. Por isso, pediu à esposa se o acompanhava nas visitas, que tencionava fazer às povoações ao redor da cidade, para falar com os Sobas, mostrando que era um Governador diferente, não impondo que fossem ao Palácio do Governador, para ouvir as suas opiniões

A Zulmira ficou encantada com a postura do marido, não gostava de pessoas arrogantes, que se julgam superiores, que fazem dos outros os seus capachos, parecia que tinha sido feito, para ela

As visitas aos Sobas fizeram com que o Governador se apercebesse da importância da sua missão, na apresentação e solução dos problemas entre os povos de Angola e os poderes, que representavam o Rei de Portugal

Miguel prometeu a todos, que tudo faria para que a conjugação de esforços fosse benéfica tanto para as populações, como para a Coroa

A turma do Roberto, que cada vez era maior, tinha, no dia que ia para as lavras, o seu maior empenho. Havia uma competição saudável entre todos, era preciso produzir mais e melhor, e isso só se obteria com novos produtos,  melhores e mais sementes, melhores utensílios, irrigação, novas ideias, que todos queriam pôr em prática

Assim, pediram ao Roberto que aumentasse o tempo dedicado à agricultura, porque era nesse trabalho, que muitos se sentiam realizados

Semear, cuidar, ver crescer, apanhar, comer, partilhar, sentir o carinho e admiração de quem via e comia, pela primeira vez, determinado produto, era uma grande recompensa, para a dureza do trabalho no campo

O Roberto colocou esse pedido à discussão e votação, se a maioria estivesse de acordo, até podiam ir todos os dias para o campo, porque como ele dizia: “ a terra é como as palavras, ambas precisam de ser acarinhadas, revolvidas, adubadas, mondadas, semeadas, para se conseguir uma boa colheita”

Alguns votaram contra, a maioria votou a favor, como era uma turma completamente livre, cada um aderia ao que queria, aparecia ou desaparecia

Passaram a ir quase todos os dias para as lavras, mesmo que tivessem de esperar meses, pelos frutos, era muito compensador aparecer em casa com o que tinham conseguido produzir

Em casas, em que tudo faltava, era ainda mais apreciado, tudo o que aparecesse, sem ser esperado.

Continua

 

 

 

 

22
Mai25

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

114

Finalmente chegara o dia do tão esperado casamento, todos estavam contentes por não serem obrigados a irem trabalhar, a não ser os que estavam envolvidos na preparação da cerimónia, por terem oportunidade de entrar no palácio, ou pelo menos no jardim, onde seriam servidas refeições a quem não conseguisse lugar, no palácio

Os noivos estavam mito felizes, por verem que muitos tinham querido participar, na festa do seu casamento

Ambos gostavam do contacto com o povo, para eles era muito importante saberem como vivia, a fim de tentarem melhorar as suas condições de vida

Foi uma cerimónia muito simples, praticamente um almoço convívio, para além dos cumprimentos de felicidades aos noivos

O Roberto e a sua turma, uma turma, que incluía elementos de todas as idades, já não ambicionava só aprender a ler e escrever. Desde que tinha passado a dedicar um dia, por semana, a aulas no campo, que novos e velhos se empenhavam em discutir ideias, para uma melhor agricultura, com mais produção e melhores produtos

Muitos apresentavam ideias, que provocavam grandes discussões entre mais novos e mais velhos, como quase, sempre, acontece, cada um a defender as suas ideias

A cooperativa bem como o Governador estavam muito contentes com a movimentação por uma agricultura diferente, com novos utensílios, mais e melhores sementes, porque isso era a garantia de melhor e mais alimento, o que o era muito bom para quem governava a Província

Uma vez casados, falou à esposa da sua ideia sobre um imposto, para criar uma força, que defendesse Angola dos ataques das outras potências. Mas, a Zulmira disse-lhe que não concordava com impostos, uma vez que as pessoas viviam miseravelmente, com o conseguiam arrancar da terra, dos rios e do mar

Aconselhou-o a falar com os Sobas, que eram eles os representantes do povo, a quem todos obedeciam

O Miguel agradeceu-lhe, dizendo que ia seguir os seus conselhos, tentaria governar de maneira a que todos conseguissem uma vida melhor

Ela ficou contente, por ele ter em consideração os seus conselhos, mostrou-se pronta, para o ajudar na sua difícil missão. Mas, no seu entender, o governo do Reino é que tinha de fornecer os meios necessários, para defender a soberania da Colónia.

Continua

 

15
Mai25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

113

Quando saíram da mata e depararam com leoas e leões a banquetearem-se com uma zebra, todos ficaram arrepiados, mesmo os que já tinham visto refeições semelhantes, o facto de serem apanhados de surpresa, fez com que ficassem muito tristes, esquecendo-se de que a natureza está muito bem organizada e a cadeia alimentar não é exceção

Alguns temeram pela vida, ficaram parados, queriam voltar para dentro da mata, mas o senhor Rocha tranquilizou-os, dizendo que os leões não os atacariam, e se isso acontecesse, bastaria fazerem um pouco de lume, para que eles os deixassem em paz

Serenados os ânimos, procuraram uma picada, (caminho estreito através do mato, dicionário da  Porto Editora ) por onde pudessem regressar a casa, não havia tempo a perder, o sol não esperava, tal como eles, também se sentia cansado, mas enquanto eles tinham uma casa à sua espera, onde poderiam descansar, ele não tinha ordem de descansar, já tinha outros povos à sua espera, para os iluminar 

Foi uma jornada extenuante, mas todos diziam ter valido a pena, porque a natureza é encantadora, e temos muito a aprender com ela, de regresso a casa, tinham muito para contar

O almoço, onde tinham decidido escolher a data do casamento, correu muito bem, mas o pai da noiva disse que era melhor os noivos escolherem a data em que queriam casar

A Zulmira e o Miguel não perderam tempo, ele sugeriu-lhe que marcassem o casamento para o dia dos anos dela, que estava prestes a chegar, concordou e agradeceu-lhe ter-se lembrado do seu aniversário

Foram, juntos, à cooperativa anunciar o data do seu casamento e convidar, todos, para o mesmo, acrescentando que seria uma cerimónia simples, à qual todos teriam acesso, tivessem ou não sido convidados

O Miguel tinha pressa em ter a Zulmira a seu lado, para o ajudar a gizar o plano, que iria transformar a Colónia, como tinha prometido ao Rei

Pensava implementar um imposto, para criar uma autoridade, que ocupasse o território, que impedisse o seu desmembramento por algumas potências, que há muito o cobiçavam

Não sabia como, não havia moeda, era tudo à base te trocas de bens ou serviços. Afinal, no terreno, era tudo muito mais complicado do que imaginara, em Lisboa

Queria muito saber a opinião da Zulmira, mas não a queria ocupar com essas preocupações, antes do casamento

Já tinha sondado o seu antecessor, seu conselheiro, mas a proposta não tinha merecido a sua simpatia.

Continua

     

08
Mai25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

112

Antes de se despedirem, ainda, tiveram tempo para marcar um almoço, no palácio do Governador, para toda a família, a fim de escolherem a data do casamento e como seria a cerimónia, que deveria ser simples, como informou o Miguel, um pedido da noiva

A turma do Roberto estava ansiosa, para que chegasse o dia da nova aula do senhor Rocha, que lhes tinha prometido de que iriam entrar numa mata onde, em certos sítios, não seria possível ver o sol, porque as altas árvores estariam cobertas de lianas, dificultando a penetração na mata, que teria de ser feita com catanas, para abrir trilhos por onde pudessem passar

No dia aprazado, ninguém faltou, todos estavam curiosos em saber o que se iria passar, as expetativas eram muitas, uns esperavam ver elefantes, outros leões, hienas, rinocerontes, zebras, como se os animais, na floresta, estivessem à espera deles

O guia aconselhou que não se assustassem, nem fizessem barulho, caso vissem algum animal, para que ele não se sentisse ameaçado, porque os animais, normalmente, só reagem quando se sentem em perigo

Antes de entrarem na mata, num charco, perto de um rio, viram um grande crocodilo a apanhar banhos de sol, estiveram alguns minutos a contemplá-lo, olhou-os, mexeu-se um pouco, parecendo ter a incumbência de lhes desejar boas-vindas

O guia fez uma pequena palestra, pediu-lhes para seguirem em fila indiana, tentando não fazer barulho, para ver se conseguiam ver algum animal, ainda a dormir ou a descansar, depois de uma noite de procura de alimento

Dois homens, munidos de catanas iam abrindo caminho, o senhor Rocha colocou-se a meio da fila, para que todos ouvissem as suas explicações, o Roberto fechava a fila, para que ninguém ficasse para trás e se perdesse

Passado mais de uma hora, sem que acontecesse algo de extraordinário, a não ser o cansaço e a dificuldade na visibilidade, uma brusca agitação fez as árvores e as lianas estremecerem, era uma enorme cobra a deslocar-se, por cima das cabeças dos intrusos, que entraram na sua casa, sem autorização, acordando-a dos seus belos sonhos

Alguns gritaram, outros agacharam-se, para que ela não lhes tocasse, mesmo que ela estivesse a mais de um metro de altura, acima das suas cabeças. O senhor Rocha pediu-lhes que parassem e não fizessem barulho até ela se distanciar

Recuperados do susto, seguiram à descoberta dos segredos da impenetrável mata

Mas, o tempo escasseava, não podiam ficar presos na mata, tinham de sair o mais depressa possível, o regresso à claridade foi arrepiante.

Continua

 

 

 

   

 

 

01
Mai25

O Império

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O Império   -   As teias que o Império teceu

111

Uma escola com métodos e ensinamentos fora do habitual. Assim, o Roberto propôs, aos seus alunos, irem um dia, por semana, para o campo, com o fim de observarem os animais selvagens, sem colocarem as suas vidas em perigo, saber que frutos e plantas eram comestíveis, acompanhar o desenvolvimento das plantas e das árvores, em suma, estudar a natureza

A notícia correu pela cidade, os alunos perguntaram a pais e avós se poderiam ajudar o professor, um dos avôs, já velhote, disse que o poderia ajudar, porque tinha passado a vida a caçar e pescar

O Roberto, não só aceitou a colaboração do senhor Rocha, o avô do Moisés, como lhe agradeceu por ter aceitado ajudá-los a passearem na natureza, apesar da sua muita idade

Começaram pelos arredores da cidade, porque a missão era arriscada, não podiam pôr em perigo as suas vidas, tinham de avaliar se o guia tinha conhecimentos para lhes mostrar as matas, em segurança

Foi uma aula diferente, em que o guia conseguiu manter os alunos muito atentos, porque a natureza tem muita beleza, mesmo que nem todos a consigam ver, sem uma explicação por quem passou a vida a observá-la

Todos queriam continuar com novas experiências, o guia tinha passado com distinção, Assim, as aulas, na natureza, iam continuar, para que pudessem aproveitar o muito que o senhor Rocha lhes poderia ensinar

O Miguel tinha pressa em casar-se, disse-o à Zulmira, assim que ela aceitou o namoro, dizendo-lhe que gostava muito dela, e depois das suas condições, para aceitar o namoro, ainda a admirava mais, porque mostrou que, para além de ser muito bonita, também era muito inteligente

A Zulmira, também, estava felicíssima e não o escondia, fazendo com que o namorado lhe disse-se que iria imediatamente pedir a sua mão, ao seu pai

Quando o Miguel disse ao Manuel que lhe queria pedir a mão da sua filha Zulmira, não o apanhou de surpresa, já o esperava. Assim, disse-lhe que estava muito honrado por ele querer casar com a Zulmira, pediu-lhe que a respeitasse, que fossem muito felizes, porque isso era o que todos os pais desejam, para todos os filhos

O Miguel respondeu-lhe que podia estar descansado, que a Zulmira era a menina dos seus olhos, a sua princesa, muito inteligente, a escolha certa, para mãe dos seus filhos, a companheira para a vida

Agradeceu-lhe a escolha e aproveitou para lhe revelar o que tinha prometido à sua amada esposa, tudo fazer para que as suas filhas fossem muito felizes, nos últimos minutos da sua vida.

Continua

 

24
Abr25

O Império

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O Império   -   As teias que o Império teceu

110

O Miguel ficou surpreendido com o pedido de esclarecimentos sobre o papel dela, como sua esposa

Não era habitual as mulheres dos governadores trabalharem, muito menos fora de casa

Não queria desistir de namorar a bonita Zulmira, o facto dela ser diferente, era motivo de orgulho, para ele, mostrava que era inteligente e sabia o que queria, podendo ser muito importante, para o ajudar a cumprir a missão de que o Rei o tinha incumbido

Aproveitou para lhe pedir se poderia contar com ela, para o ajudar a cumprir a sua missão, mesmo que continuasse a trabalhar na cooperativa

Ela respondeu-lhe que sim, acrescentando que se fosse necessário, deixaria de trabalhar para a cooperativa

Depois, veriam como melhor servir os povos de Angola, pedido do Rei, que muito queria cumprir

Aceite o compromisso de ambos, a tudo fazerem por Angola, oficializaram o namoro, com a promessa de se casarem e serem muito felizes, para sempre

A notícia correu rápida, por toda a cidade só se comentava o namoro de uma das filhas do antigo governador com o novo governador

Entre os familiares, todos aprovaram o namoro. As manas foram quem mais se regozijou com o namoro, sendo que o pai delas foi o que mais vibrou com a esperada notícia

Só pedia que corresse tudo bem, gostava tanto de ver as filhas felizes, já lhes bastava o facto de terem ficado, tão cedo, sem a mãe. Tinha prometido, a ele mesmo, quando a sua amada esposa faleceu, que tudo faria para que as filhas conseguissem superar tão grande perda

Muitas vezes interrogava-se se não teria sido preferível voltar a casar, se a escolha de não dar uma madrasta às filhas teria sido a melhor decisão

A Natureza mostrava-lhe que o natural era ser um casal a criar os filhos. Mas ele teve receio que não encontrasse uma mulher tão generosa, que amasse as suas filhas, como se fossem dela

Assim, só lhe restava continuar a tudo fazer, para que elas se sentissem felizes, apoiando-as nos seus projetos e sonhos, para que tudo o que dependesse dele, não lhes faltasse.

Continua

 

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