Cidadania!
Cidadania
Cheira a primavera, cheira a flor de laranjeira
Uma cor diferente vem da poeira
Da política da asneira
Do perfume do dinheiro que atravessa a fronteira
Sem que ninguém queira saber, como chegou à carteira
Compra a cidadania estrangeira
Clubes de futebol e lança lume na fogueira
Os partidos esfregam as mãos de contentes com tanta solidariedade ligeira
Elevados a lordes, comendadores, doutores, todos querem ser fotografados à sua beira
Os Governantes condecoram-nos pelos altos valores da roubalheira
Por terem roubado, sugado e transferido o património coletivo: uma sujeira
Vistos de ouro, que maravilhosa torneira!
Para venderem os países democráticos às ditaduras de bandeira
Lavandarias de dinheiro sujo, bom lucro de qualquer maneira!
Todos recebem, com honrarias, ditadores e corruptos numa atitude interesseira
Depois, são os povos a pagarem, com o seu sangue, como se a vida fosse uma brincadeira
Enquanto os ditadores se divertem com os seus jogos de guerra, à sua boa manira
Ainda, por cima, dizendo que são aplaudidos por uma nação inteira
Como é que ainda há gente que consente tanta barbaridade, verdadeira?
Estamos todos muito incomodados com estes horrores, mas primeiro está a carteira
Continuamos, o petróleo e o gás, a pagar, para a guerra continuar e não acendermos a lareira
Continuamos, como se fosse possível, a querer ao mesmo tempo, chuva no nabal e sol na eira
Não podemos continuar a colaborar em tanta hipocrisia soalheira
Ou bem que estamos dispostos a pagar os custos da solidariedade e da transição energética: uma fatura ligeira
Se não queremos esses custos, não vale a pena fazer manifestações, nem encher as redes sociais de ideias vazias, na internet inteira.
José Silva Costa