Habitámo-nos ao fiado
Lisboa
Lisboa está, cada vez, mais encantadora
Do búnquer do século passado
Para a mulher sofisticada à procura de namorado
Não deixava o Tejo ver-lhe os artelhos
Agora lava-lhe os joelhos
O Marquês é que não tem sorte
Por mais túneis que construam
Não se livra do fumo dos escapes dos automóveis
Oito e oitenta: um mar de gente
Lisboa internacionalizou-se de tal maneira
Que o difícil e ouvir falar português
Quem, nela aterre desprevenido
Pode pensar que o avião foi desviado
Que Portugal foi comprado!
O que não é errado
Já vendeu tudo
E continua, cada vez, mais endividado
Habituámo-nos ao fiado
Todos os dias vamos ao mercado
Pedir dinheiro emprestado.
José Silva Costa