Carta de condução
Instituto da Mobilidade e dos Transportes
Onde ainda não chegou o “simplex”
Imensas filas alegram a madrugada lisboeta
Muitos, as cartas de condução vão levantar, que os CTT devolveram, porque o carteiro estava com pressa de ir para casa ou para outro lado.
Fazendo com que o meio caminho andado se tornasse no meio caminho ao lado
Quando poderia ter recebido a carta, no aconchego do lar, tive de ir para a capital pernoitar
Tudo em prol do desenvolvimento e da produtividade, numa vergonhosa burocracia e incompetência
Não há “simplex” que lhe consiga quebrar a resistência
Mudaram-lhe o nome e competência, mas nada adiantou, nem sei se piorou
Um país cheio de startups , com um IMT a carvão, se funcionasse é que era admiração
Não há neste país, ninguém com engenho e arte, que seja capaz de acabar com este desastre?
Levantei-me bem cedo, já sei o que a casa gasta, porque já lá tinha passado, há anos, um dia inteiro, para apenas dizer, que já tinha, a um sucateiro, um carro velho, entregue
Quando me vi despachado, pedi o livro de reclamações, ao que me responderam que estava muito acima do rés-do-chão
Não subi as escadas, voei-as, desabafei, dizendo que o que me fizera perder um dia, podia fazê-lo na internet.
Meses depois veio a determinação: já se podia fazer o abate dos carros antigos, pela internet
Assim, desta vez, cheguei pelas oito horas, a fila já dava a volta ao quarteirão: uma hora a fumar, sem nada pagar, o tabaco dos da frente, de trás e do lado, com uma garganta que nunca o fumo tem tolerado, mesmo que nunca tenha fumado, o fumo, nela, parece arame farpado. Foi mais meio-dia estragado.