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20
Fev18

O nascimento de uma Escola

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O nascimento de um Escola (3)

 

Segunda classe

 

Nova Escola, nova Professora

A Escola só funcionou um ano no Monte do Lobato

No ano seguinte mudaram a Escola para o Monte da Corcha, para uma casa contígua à de José

Não poderia ter tido melhor prémio, pela passagem de classe!

Foram três anos a sair de uma porta e entrar noutra

A nova Professora fez-se acompanhar de um aparelho, até então, nunca visto: uma telefonia sem fios!

A TSF era um aparelho muito esquisito, dele saíam vozes e músicas

Os alunos raramente tinham oportunidade de ouvi-la, apenas uns minutos, no intervalo do almoço

Num dos dias em que a Professora ligou o aparelho, uns minutos antes da saída, José decorou um sequetche humorístico dos Parodiantes de Lisboa, o qual reproduziu em casa, mas a mãe repreendeu-o, dizendo-lhe para não repetir o que tinha ouvido

A Professora, de vez em quando, pedia a dois alunos, para irem a São Pedro de Solis, fazer-lhe compras, e eram sempre os que viviam no Monte onde estava instalada a Escola, porque os outros ainda tinham de ir para os seus montes

De uma das vezes, o bacalhau estava mal embrulhado, e eles tiraram um pouco, de maneira a não se notar, para provarem.

As Professoras passavam quase todo o ano nas Escolas. Só iam a casa no Natal, na Páscoa e nas férias grandes

A segunda Professora, quando ia de férias, pedia a dois alunos para a acompanharem até Alcaria Longa, a localidade mais perto, onde passava uma camioneta para a sua terra.

De uma das vezes a camioneta chegou bastante atrasada, fazendo com que uma grande parte do regresso dos rapazes se fizesse de noite

O companheiro do José não estava habituado a andar de noite, sempre que via sombras, que se parecessem com pessoas, parava e nada o fazia avançar

O José sem saber mais que lhe dizer para o convencer, colocou-se junto ao obstáculo, que não o deixava continuar, para que ele se convencesse que eram, apenas, sombras

Não é fácil controlar os nossos medos, o que fazia com que, o companheiro do José, estivesse constantemente a estacar.

O silêncio da noite, no campo, é assustador, fazendo com que o mais pequeno barulho, pareça uma tempestade

No fim do período letivo foram novamente, a São Pedro de Solis, fazer a passagem da segunda para a terceira classe.

Terceira classe, terceira Professora. Foi um ano calmo, à exceção do muito trabalho, porque já não era uma passagem, mas um exame!

Para fazerem o exame da terceira classe foram a São Miguel do Pinheiro.

A Professora já não entrou na sala, no ato do exame, alguns ficaram nervosos, e uma rapariga de dez ou onze anos, de quem o José gostava, não fez os problemas

Quando saíram da sala, ela correu para ele, lavadas em lágrimas, dizendo o que se tinha passado

O pai dela aproximou-se, já sabia que ela não tinha passado, leu-lhe ali a sentença: “não voltas para a Escola, já és uma mulher, vais ajudar a tua mãe”

A rapariga bem pedia e implorava ao pai que, pelo menos, a deixasse fazer a terceira classe

Mas, não conseguiu que ele voltasse atrás!

Foi no meio de uma grande tristeza, que se despediram, não se voltando a ver.

Na quarta classe tiveram direito a uma Professora, que já conheciam da segunda classe.

 

José Silva Costa

 

  1. O post sobre a quarta classe, já publicado, tem o título : “ As meias de vidro”

 

 

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