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29
Jan18

O nascimento de uma Escola

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O nascimento de uma Escola (2)

 

 

Professora, alunos e pais havia muito que esperavam o mobiliário e material didático

Todos ansiavam pela chegada do que lhes tinha sido prometido, no sentido de, pelo menos, no interior, aquele espaço se assemelhar a uma Escola, uma vez, que vista de fora, quem não soubesse, dificilmente diria que funcionava ali uma Escola!

Já o segundo período ia avançado quando, numa manhã de sol radioso, avistaram uma carroça, da Câmara Municipal de Mértola, puxada por um macho, conduzida por um funcionário da respetiva Câmara, carregada de material.

A professora mandou todos saírem, ninguém conseguiria, depois de avistarem a carroça e saberem que transportava o material tão aguardado e desejado, que voltassem a dar atenção ao que a professora lhes estava a ensinar.

Quando saíram já a carroça vinha a meio da descida, já tinha deixado para trás a estrada principal, sempre vigiada pelo gigante marco geodésico.

Todos quiseram participar, ajudando a descarregar a carroça, transportando as coisas mais leves, com a alegria de quem tem nas suas mãos uma ferramenta, para construir o futuro

O funcionário começou por fixar, na parede norte, o quadro preto, do lado direito penduraram os mapas, por cima do quadro, a meio, colocaram o crucifixo, do lado esquerdo a cadeira e a secretária da professora, no resto da sala as carteiras dos alunos, com os tinteiros brancos incrustados.

Também receberam uma caixa de giz, um globo e umas canetas de madeira com um aparo metálico.

Foi mais um dia inesquecível, no ano do nascimento da Escola

Passados uns dias, começaram a frequentar a Escola, dois irmãos gémeos, vieram de outra Escola, deviam ter dez ou mais anos.

Decorreram poucos meses, até que um dia os rapazes fizeram qualquer coisa de que a professora não gostou, castigou-os com varias reguadas.Como o dia estava quente, as duas janelas da sala de aula estavam abertas, os dois rapazes correram para as janelas, saltaram para a rua, aos gritos: “ vou dizer à minha mãe”, e a correrem pela rua acima em direção à estrada principal.

Nunca mais voltaram para aquela Escola!

Entretanto aproximava-se o fim do ano letivo, os alunos da primeira e segunda classes foram a São Pedro de Solis, onde lecionava uma professora oficial, prestar provas.   

Passaram todos, estava terminada a primeira etapa.  (continua)

 

 

José Silva Costa

  

 

 

 

 

27
Jan18

Estado Novo

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A Base VIII da proposta de lei para a Reforma

do Ensino Primário estabelece que «as Câmaras Mu-

nicipais fornecerão instalações para as escolas e postos

escolares, providas do material didáctico necessário e

de uma pequena biblioteca popular adequada ao

meio.»

Casamento de professoras

«O casamento das professoras não poderá reali-

zar-se sem autorização do Ministro da Educação Na-

cional, que só deverá concedê-la nos termos seguin-

tes:

1.° Ter o pretendente bom comportamento mo-

ral e civil;

2.° - Ter o pretendente vencimentos ou rendi-

mentos, documentalmente comprovados, em harmonia

com os vencimentos da professora.»

(Art. 9: do dec. n.• 27:279, de 24-11-936)

As interessadas devem requerer a Sua Exce-

lência o Ministro com fundamento no artigo citado,

e juntar ao reqrserimento documentos comprovativos

da idoneidade moral e civil, bem como dos vencimen-

tos ou rendimentos do seu noivo.

Os processos respeitantes a pedidos de autoriza-

ção para casamento de professoras de ensino primá-

rio devem ser acompanhados de parecer dos directores

dos distritos escolares.

Também é condição indispensável ao deferimento

que os pretendentes comprovem a data desde a qual

se encontram na situação económica que torna possí-

vel a autorização do casamento, bem como a estabili-

dade que a mesma pode oferecer.

22
Jan18

O nascimento de uma Escola

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O nascimento de uma Escola       (1)

 

 

Estávamos em Outubro de 1951

 

José teve a sorte de ter sido criada uma escola, num monte a um quilómetro do monte onde vivia, o que fez com que entrasse para a escola com seis anos.

No Lobato, alguém ofereceu uma casa com duas ou três divisões, para ali nascer uma escola

Três ou quatro professoras foram ver o local, para onde iriam trabalhar, mas só a última aceitou criar uma Escola, numa casa particular, com quatro paredes, seis ou sete cadeiras, uma ou duas mesas, nada mais!

A professora era uma jovem muito determinada e apostada em tirar as crianças dos trabalhos no campo, para que aprendessem a ler e escrever.

Eram pouco mais de meia dúzia, de varias idades, entre os seis e os onze anos.

Poucos pais tinham a perceção de que mandar os filhos à escola era o melhor para o seu futuro. Eles não tinham ido à escola e conseguiam governar a vida. Portanto, ainda não se tinham apercebido de quanto era importante saber ler e escrever.

Passado um ou dois meses, a professora vendo que não apareciam mais alunos, decidiu ir com eles até ao Monte Santana, para informar os pais, de que era obrigatório mandar os filhos à Escola.

Foi uma manhã diferente: a professora à frente, os alunos atrás dela, por um caminho, que ligava as duas povoações. A imagem era a de uma galinha com uma ninhada de pintos a tentarem aninharem-se debaixo das suas asas.

A meio caminho encontraram um homem e o filho a trabalharem numa horta. Pararam, cumprimentaram-nos, e a professora questionou o senhor, perguntando-lhe se sabia que era obrigatório mandar o filho à Escola? O pai do rapaz disse: “ se a senhora lhe der de comer”

Sem trocarem mais palavras, seguiram para o Monte Santana, onde a professora tentou, junto de mães e país, sensibilizá-los para a importância de mandarem os filhos à Escola.

Os primeiros dias de aulas foram para aprender a escrever as vogais e os algarismos. Mas, José não encarreirava com o número nove: a professora dizia-lhe que era uma bolinha com um pauzinho do lado direito, e ele colocava-o do lado esquerdo, fruto de lhe terem, em bebé, atado o braço esquerdo ao pescoço, para que não fosse canhoto? A professora resolveu o problema dando-lhe uma palmada, o que fez com que não voltasse a colocar o pauzinho do lado direito, mas o sentido de orientação não teve conserto, ficou baralhado, para o resto da vida!

Tudo corria normalmente, até que numa manhã, por volta das dez horas, uma rapariga pediu à professora para ir lá fora, o que significava ir fazer as necessidades. Mas, a professora não a autorizou porque estava quase na hora do intervalo, pouco depois a rapariga abriu as pernas e regou a sala de aulas. De seguida a professora mandou todos para o recreio, sem qualquer referência ao sucedido. Nem os rapazes, nem as raparigas usavam cuecas: elas usavam vestidos e eles calças ou calções!      (continua)

 

 

José Silva Costa

 

 

14
Jan18

As meias de vidro

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As meias de vidro

 Estávamos em Julho de 1955

 Chegara a altura dos exames da Quarta Classe

 À Vila de Mértola tinham acorrido os alunos e familiares, de todas as escolas do Concelho, para prestarem provas.

José, pela primeira vez, na vila, estava encantado com o rio e o gasolina, o barco, que não sei quantas vezes, por semana, fazia a ligação entre Mértola e Vila Real de Santo António, descendo e subindo o Guadiana

José, assim que podia corria para o Mercado Municipal, que tem uma vista espetacular para o rio, a moagem que existia no outro lado do rio e as fundações, para a construção da ponte, que estavam a começar

Alice com vinte e oito anos, já com três filhos, acompanhou o mais velho, para a prestação das provas.

Deixou os dois mais novos com o marido; tinham de passar, pelo menos, uma semana, na Vila

Sem meios para pagar uma pensão, um senhor da GNR emprestou-lhes uma casa que estava desabitada.

Pela primeira vez tinham de fazer as necessidades dentro de casa, para um balde, que um funcionário da Câmara Municipal, todos os dias, vazava para uma carroça metálica.

No primeiro dia da prova escrita, muito borborinho e nervosismo, professoras regentes e oficiais davam nas vistas, com as suas meias de vidro a contrastarem com as meias das mães dos alunos, quase todas com meias opacas, muitas e muitos nunca tinham visto tais meias!

Dias depois, foi a prova oral, José foi o primeiro a ser chamado ao quadro, professores e professoras ainda estavam a trocar impressões, não sei se sobre os exames!

José não chegava ao quadro, ficou à espera que alguém reparasse que não podia iniciar a resolução dos problemas, passaram uns intermináveis minutos, até que um professor reparou no que se passava e disse: “ oh rapaz, não chegas ao quadro, vamos já colocar um banco!”

Passada uma longa manhã, já muito para lá das treze horas, finalmente, a afixação das pautas com os resultados, todos se dirigiram para a vitrina, nem todas e todos tiveram a mesma sorte

A palavra “aprovado”, nunca mais se esquece.

José Silva Costa

 

 

 

 

13
Jan18

Pérolas caem do céu

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Chove, chove, meu Janeiro

Não faças frio, nem nevoeiro

Não leves a velha, nem o cordeiro

Chove, chove, meu Janeiro

Porque ainda não corre água, no ribeiro

Chove, chove, leva o mau cheiro

Chove, chove um mês inteiro

Porque a água é dinheiro

Chove, chove meu mês, primeiro

Chove, chove mais um aguaceiro

Chove, chove para regares o meu loureiro

Chove, chove para encheres o meu mealheiro

Chove, chove, porque fazes sorrir o lameiro

Chove, chove para lavares o soalheiro

Chove, chove para refrescares todas as árvores e o meu limoiero.

 

 

José Silva Costa

 

 

 

07
Jan18

Meu amor!

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Meu Amor

 

 

Ai, meu bem

Dos teus rubros lábios

Voam rios de versos

São melodias, são mel

Que bebo ao luar.

 

Ai, meu amor

O teu coração é uma flor

De mãos dadas seguramos a madrugada

Sonhamos com a lua encantada.

 

Ai, minha flor

Os teus olhos são pétalas

São a minha luz

São a chama a iluminar o amor.

 

Ai, idílico jardim

Onde planto sonhos

Que embalas nos olhos risonhos

Enquanto adormeces o sono.

 

 

 

 

 

José Silva Costa

05
Jan18

A vida!

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A Chuva

 

Caiem gotículas de vida

A multidão está aborrecida

A semente estava adormecida

Sentia-se tão triste e esquecida

Tanto tempo no pó, aborrecida

Lavou os olhos e inchou de alegria

Tantos meses de hibernação à espera

Que uma gotícula lhe desse vida

Tudo o que estava à espera de água fervilha

Um pássaro desenterrou um grão de ervilha

Que rolou no declive para dentro duma cova

Fugiu da morte certa para uma vida incerta

Preferiu mais uma incursão no ciclo da vida

Sempre com a ambição da multiplicação

As sementes experimentam um fogo ardente

O verde rebenta do seu ventre

A Natureza brilha, novamente

Para alegrar toda a gente

Mesmo para os que não gostam da chuva

Que não querem saber da sede da semente

Mas, dizem-se amantes da Natureza!

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

01
Jan18

Contra a corrente!

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Contra a corrente!

 

 

Mais um Ano!

Nada melhor para o receber do que barulho, destruição, poluição, fogo-de-artifício

Tanto dinheiro queimado, em todo o Mundo, para tentar esconder, o seu estado!

Recordes e mais recordes de destruição e poluição

Toneladas, muitas toneladas, cada ano mais toneladas, de fogo-de-artifício rebentado

As multidões aplaudem, embasbacadas, ao desaparecimento, de tanto milhão, em poucos minutos, queimado

A manutenção desta tradição (aberração) é tão grave, que já teve de ser proibida em algumas cidades, porque não suportam mais poluição

Este jovem século, que acaba de atingir a maioridade, já rebentou com seculares tradições:

As touradas, o trabalho dos animais nos circos, a obrigatoriedade de, todos, fumarmos nos transportes públicos, nos espaços públicos, fechados, sem que o desejássemos, matar muitos pinheiros naturais, para os enfeitarmos de árvore Natal

Coisas impensáveis, no século passado!

Fomos, tantas vezes, acusados de estarmos no lado errado

Mas com muita determinação, o caminho tem sido andado

Quero saudar a entrada hoje em vigor da proibição de fumar, em locais públicos e privados de utilidade pública, onde estiverem menores

Para recebermos o ano novo não precisamos de derreter milhões de euros, sem sentido

Basta-nos a música, a confraternização, a alegria, a amizade, a solidariedade, com o álcool, um pouco de juízo!

 

Penamacor

 

Esta bonita Vila tem baseado a sua atração, no madeiro de Natal

Mas, tudo o que é demais não presta

Todos os anos, queimar toneladas e toneladas de madeira, sem qualquer utilidade, nem sentido, não deve ser a melhor maneira de o fazer

Mais uma vez por causa dos recordes!

Tal é o exagero, que os Bombeiros têm de estar presentes, não vá uma tragédia acontecer!

Queimar muitas toneladas de árvores em poucas horas, pode ser um pouco de vaidade

Mas, criá-las, leva um pouco de mais tempo. E, não vejo tantos entusiastas a aplaudirem o evento.

Bom Ano

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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